Por a 14 Junho 2022

Localizada no Cartaxo, a cerca de 60 quilómetros de Lisboa, a casa foi desenvolvida para um jovem casal, ligado ao mundo das artes. “A Saramaga”, foi o nome atenciosamente atribuído à propriedade, como forma de homenagem a uma antiga parteira da vila, cuja imagem foi sendo apropriada pela comunidade local como símbolo do nascimento e da celebração da vida. O projeto é assinado pelo escritório Duarte Caldas Arquitetura. Design.

Projeto: Duarte Caldas Arquitetura. Design / Fotografias: Francisco Nogueira / descrição enviada pelos autores do projeto.

O projeto “A Saramaga”, consiste na reabilitação de um edifício habitacional no Cartaxo, a cerca de 60 quilómetros a norte da cidade de Lisboa. O projeto foi desenvolvido para um jovem casal, ligado ao mundo das artes, que saiu da capital com o intuito de encontrar um espaço isolado para residir e, simultaneamente, desenvolver um programa de residências artísticas. “A Saramaga” foi o nome atenciosamente atribuído à propriedade, como forma de homenagem a uma antiga parteira da vila, cuja imagem foi sendo apropriada pela comunidade local como símbolo do nascimento e da celebração da vida.

As caraterísticas arquitetónicas da construção eram bastante peculiares, com elementos e referências exageradas e desconexas entre si, que resultavam numa combinação pouco harmoniosa do conjunto. O principal desafio do projeto traduziu-se na procura de uma coerência estética, formal e funcional que significasse a geometria arquitetónica.

No exterior, foram eliminados todos os elementos secundários, como muretes e passadiços pavimentados, os vãos foram redesenhados e os planos exteriores foram pintados em tons bege e branco para uma leitura abstrata e homogénea dos volumes. O espelho de água existente foi transformando em piscina, através do aumento das cotas do pátio que desenham novos patins e diferentes escalas de apropriação do espaço exterior.

No interior, a organização dos espaços foi genericamente mantida. A entrada é feita do lado poente, num ponto que dá acesso ao longo corredor que separa as áreas sociais das áreas privadas. Foi proposta uma cozinha aberta no centro da habitação, como um espaço de transição funcional, cirurgicamente posicionado entre a zona dos quartos e a sala.

Esta última, de dimensões generosas, assume-se como o espaço nobre da casa, o grande lugar de convívio, marcado pelo amplo pé́ direito e pela franca permeabilidade com o exterior. Os barrotes em madeira atribuem uma escala mais acolhedora e sustentam as claraboias de luz natural. Debaixo destas, uma plataforma em betão com diferentes níveis incorpora uma área para sentar, uma longa mesa de café e um canteiro com vegetação natural – este elemento configura, num gesto simples, a organização longitudinal da sala. Foi ainda desenhada uma grande mesa em pedra natural de travertino vermelha, fazendo jus à proporção do próprio espaço.

No braço das áreas privadas, os pequenos pátios a sul permitem a entrada de luz nos quartos e nas instalações sanitárias. Estas, são marcadas pela utilização de diferentes cores no pigmento que reveste as suas paredes, pontuadas ainda pelos lavatórios em pedra natural na mesma tonalidade. A suite principal destaca- se pela incorporação de um espaço de estar e trabalho, em estreita relação com a piscina, e pela criação de um closet que funciona como acesso ao espaço do lavabo e da instalação sanitária.

No interior, a utilização dos revestimentos contínuos, como o bege das paredes e o pavimento em microcimento, seguem a mesma lógica utilizada nas superfícies exteriores, contribuindo para uma uniformização do conjunto e oferecendo uma experiência acolhedora e imersiva dos espaços.

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