Por a 1 Março 2022

Materiais sinceros e naturais. Um cubo que se abre pontualmente ao exterior e que, ao contrário do que aparenta, é todo ele luz e espaço. Um saber viver ao melhor estilo mediterrâneo.

Área: 195m² Tipo: Construção  Local: Denia, Espanha Data de conclusão: 2020 Arquitetura: Andrea Pons Arquitetura Fotografia: Mariela Apollonio / segundo a memória descritiva

Localizada numa zona residencial e rodeada por lotes com moradias muito próximas, o primeiro impulso, confidencia-nos Andrea Pons, arquiteta e autora do projeto, foi o de criar uma espécie de fortaleza, para proteger a privacidade dos habitantes.

O início do projeto nasce então de uma vontade em passar despercebido e parte de uma figura tão básica e simples como a do cubo. Como uma caixa colocada no terreno, onde a partir do seu interior observamos o que está a acontecer ao seu redor.

Pretende-se criar a sensação de um cubo fechado, quase hermético, mas que surpreende, uma vez que, quando lá dentro, evoca precisamente a sensação oposta, a de espaço, luminosidade e relação com o exterior.

A fachada norte é a principal da casa, muito exposta ao exterior. Nela, foi utilizado um recurso tradicional da arquitetura mediterrânea para criar uma fachada perfurada que permite “ver, sem ser visto”. 

São elementos cerâmicos, produzidos localmente e que criam uma composição que proporciona interessantes jogos de luz e sombra que mudam de acordo com a época do ano e a posição do sol.

Resguardada por esta malha em cerâmica está a porta principal. Através dela entramos num espaço luminoso, com um fundo em perspetiva que nos conduz a uma grande janela e a uma zona exterior.

A posição de cada uma das janelas da casa foi cuidadosamente considerada e foi adaptada à medida que a obra avançava, para controlar muito bem as vistas do interior. Foi ainda usada vegetação como mais um recurso da arquitetura, para fazer com que os elementos do ambiente que não interessavam desaparecessem das vistas.

A materialidade do projeto segue a linha de uma casa construída com materiais sinceros e naturais que podem envelhecer bem sem a necessidade de manutenção excessiva. Materiais como argamassa de cal na fachada, peças cerâmicas com tons naturais e pavimentos de cimento queimado contribuem para a construção desse ambiente.

Andrea Pons ressalva que, a escolha dos materiais muitas vezes implica valorizar a imperfeição e a irregularidade, mas fazem parte da beleza natural da casa.

Os quartos estão localizados no primeiro andar, abraçando um “pátio elevado” que nada mais é, do que um terraço cujos limites se elevam como paredes, para proporcionar privacidade em relação às casas vizinhas. Deste gesto, surge uma área de terraço privado, cuja parede é estrategicamente perfurada no local onde, de alguma forma, apagamos da paisagem tudo o que nos incomoda, e abrimos uma janela para a montanha, e para as vistas privilegiadas que proporciona. 

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