Por a 31 Março 2022

Localizado num bairro industrial e com uma elevada carência de luz natural, este apartamento de 70 m2 foi alvo de um projeto de reabilitação que o tornou fluído. Hoje, assume-se como uma Casa-Atelier com um caráter bastante prático devido às soluções desenhadas pelo gabinete Inês Brandão – Arquitetura.

Projeto: Inês Brandão – Arquitetura / Tipo: Reabilitação / Área: 70 m2 /Fotografia: João Morgado

Este é um projeto de reabilitação de um apartamento, com 70m2,  inserido num edifício que remota ao inicio dos anos 40, localizado num bairro industrial e com uma arquitetura característica e que servia de habitação social aos trabalhadores da antiga fábrica “Ar Liquido”.

Recorde-se que, estes apartamentos eram caraterizados por terem divisões pequenas, ligadas de forma individual por um longo corredor, tornando-os espaços com uma elevada carência de luz natural. A falta de espaço de arrumação, principalmente na cozinha, era outro dos grandes problemas, que teria de ser resolvido.

Hoje, os espaços de funções semelhantes, abraçam-se. Aquilo que anteriormente era um rígido corredor, passa a ser um espaço aberto que mantem a ligação entre as diferentes áreas, mas de uma forma fluida, ”varrendo” a casa num movimento longitudinal único com inicio no escritório e fim num jardim, exterior.

Conseguiu-se assim, conferir uma nova perceção espacial e programática, que contribui não só para uma grande facilidade de circulação, mas também para uma intensa fluidez de espaço social, mantendo, no entanto, a área do quarto como um espaço privado, menos óbvio e mais contido.

Nesta divisão, foi desenhado um módulo, que permitiu criar uma espécie de casa independente. Num único espaço, conseguimos organizar uma pequena sala, um quarto, um closet e um escritório (em mezzanine). Encontramos arrumação em cada canto deste objeto, incluindo no pavimento do escritório (em forma de alçapões).

A entrada de luz no quarto é controlada por um grande vão, com duas portadas em madeira, que nos permitem “esconder”, quando necessário, a área privada. Esta manobra ajuda-nos a conferir à casa um carácter público, assumindo a função de atelier de arquitetura.

A casa assume, assim, um carácter bastante prático, onde os contrastes se afirmam em transições calmas e convidativas. Com a abertura de novos vãos no interior, a luz aproveita todos os vãos exteriores para entrar, habitar e preencher os espaços. Num extremo a casa abre-se à cidade, no outro dá-se a um jardim que é capaz de nos transportar para a ideia de campo. O jardim funciona a uma cota mais baixa. De cima, num pequeno espaço para refeições, as folhas das árvores entram pela janela, num vão que parece interminável e o convite a descer é tão óbvio quanto agradável.

Em termos de materialidade, optou-se pela criação do contraste entre as paredes brancas e os vários elementos de madeira, de forma a permitir a máxima projeção de luz, mantendo o ambiente confortável com o uso da madeira.

O módulo anteriormente referido, foi realizado com estrutura de aço leve e painéis de OSB, de forma a não acrescentar peso à estrutura do edifício existente, sendo posteriormente revestido com placas de MDF, lacadas a branco.

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