Por a 11 Janeiro 2022

A casa, gizada pelo arquiteto Raul Vieira, distribui-se de forma fluída, assegurando a desejada amplitude, funcionalidade e boa dose de luz natural. A atmosfera lofty prevalece, a par com a mistura ponderada dos estilos industrial, clássico e escandinavo.

Fotografia: José Manuel Ferrão Produção: Amparo Santa-Clara Texto: Isabel Figueiredo 

De tipologia V5, a moradia, com arquitetura contemporânea – localizada em zona nobre da linha do Estoril –, divide-se em cave, para onde foram destinadas uma suite e a garagem; o piso térreo, com sala comum, sala de televisão, sala de jantar, cozinha com lavandaria e duas casas de banho, uma social e outra de serviço; e o piso superior, equipado com duas suites e dois quartos com casa de banho partilhada. 

Lá fora, no jardim, há́ espaço ainda para um balneário exterior, a piscina e demais recantos. No total, somam-se 490m2 de área construída, onde se inclui a cave, apoiada por uma área exterior com 900m2.

Ao nível dos interiores, destaca-se o estilo industrial com apontamentos de peças em materiais crus, orgânicos e algumas peças clássicas. A proprietária, que trabalha na área do design de interiores, confessa a sua predileção por este casamento de estilos, em boa parte herdada dos tempos vividos em Nova Iorque. 

“Foi nessa época que surgiu a paixão pelos lofts”, confessa. “A minha ideia para esta casa estava bem definida. Por dentro, queria que ela se assumisse como um loft de grandes dimensões e, no que concerne ao exterior, ambicionava uma atmosfera de inspiração escandinava, como um chalet moderno”. Razão por que o telhado está desenhado com uma inclinação acentuada, com as mansardas e o preto e branco em destaque. 

A família, composta pelo casal e os três filhos, dois deles gémeos, exigia um layout prático, à sua imagem: “Eu própria sou muito prática e organizada”, diz-nos. “Gosto de casas bem decoradas e arrumadas, mas, ao mesmo tempo, vividas, confortáveis e abertas ao exterior. Daí a ideia de utilizar o mesmo pavimento no piso térreo e no terraço, de modo que o exterior funcione como um prolongamento do interior, e para que as crianças entrem e saiam sem grandes preocupações”. 

Acresce a isto o seu gosto pela abundante luz natural. Foi, por isso, aproveitada ao máximo a orientação a sul para a integração de grandes janelas – a título de curiosidade, refira-se que a fachada da casa tem 17 metros de vidro. “Quando comecei a pensar neste projeto, sabia que existiam as- petos de que não queria abdicar: boa iluminação natural e grandes janelas, pé́ direito alto e duplo pé́ direito nalgumas das áreas, tetos interiores esconsos, umas escadas especiais e portas altas – as interiores medem 2,75m de altura”. 

Mas a casa tem outros detalhes a salientar: todas as áreas são viradas para o jardim, porque, como nos diz, “queria poder ver os meus filhos a brincar a partir de todas as divisões”, ou a versatilidade do piso térreo, que foi pensada para ser uma área que integra todas as divisões – salas e cozinha -, em open-plan, ou tornada mais privada, dependendo das necessidades, fazendo deslizar, para tal, as portas de correr escondidas. Esta versatilidade estende-se aos quartos – caso, por exemplo, da área destinada aos gémeos, em que cada um tem o seu próprio espaço, que pode ser partilhado ou fechado com a mesma solução das portas de correr. 

Tanto a escolha de materiais como o projeto de interiores são da sua autoria. A mistura do betão, do cerâmico e do ferro com materiais naturais, caso das mesas de madeira, dos candeeiros de bambu e juta, do linho e ainda a combinação destes com o estilo clássico, refletido nas várias peças de família, como os espelhos antigos e os móveis do tipo chinês, imprimem a esta casa um cenário harmonioso, equilibrado em personalidade e conforto, apoiado em alguma historia.

Ainda no que concerne aos materiais usados, para a totalidade do piso no andar térreo, incluindo o dos terraços, foi selecionado um cerâmico da Margres, da linha Subway. Por seu turno, o piso do andar superior é em carvalho europeu. As casas de banho estão revestidas a azulejo Oxford, cor Cool White, da Revigrés, com tampos em corian e torneiras Bruma Lusitano, cor Night Sky. Para a casa de banho da suite foi escolhido o microcimento. 

Na cozinha, o tampo da ilha é em corian, bem como as gavetas; as portas grandes de madeira das salas são de carvalho europeu. As janelas de correr Lumeal, da Technal, e o telhado, revestido de telha plasma preta, o hall e a viga central da casa em betão exposto resumem o ‘look and feel’ industrial pretendido. 

Os proprietários queriam, ainda, uma casa “o mais nivelada possível, independentemente da topografia, e apenas com uma escada de acesso ao primeiro andar, que é hoje o centro das atenções”. Em microcimento e com corrimão de ferro, esta peça alinha no conceito. Em oposição, lá fora, a piscina e o deque ficam num plano mais elevado.

A sala, ampla quanto baste, tem apenas uma única superfície destinada à exibição de alguma arte, e é por isso que esta parede foi escolhida para aí estarem os vários quadros, os preferidos do casal, além de espelhos e uma seleção de fotografias, resultando, por isso, “numa parede muito especial, e que acaba por dar ainda mais vida à casa”. 

Bem sabemos que em projetos gizados à medida há́ sempre um outro canto e espaço adotado por um dos elementos do casal, ou mesmo pela família. Neste caso, a eleita é a cozinha. “Sempre quisemos uma ilha gigante e agora que realizamos este desejo, a cozinha é, talvez, das áreas da casa mais frequentadas. Além disso, o facto de estar diretamente ligada ao jardim reforça este apego, porque, da mesma forma, também gostamos muito do jardim.” 

Mas também o hall apaixona a nossa interlocutora, sempre que entra em casa. “Adoro ver as escadas escuras, o corrimão de ferro, o teto em cimento, a sala e o jardim, tudo isto num só́ relance.” 

Lá fora, a sensação de acolhimento e bem-estar prolongam as boas vibrações. “O terraço é muito confortável, é a continuação da sala, e a piscina de pastilha escura, com o deque, foi desde o início uma exigência! Gosto de um jardim com grande abundância de plantas e de árvores, sendo as minhas preferidas as oliveiras”. 

Está-se bem aqui, portanto. 

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