Com dimensões particulares e um longo e escuro corredor, a intervenção neste apartamento reequilibrou o espaço e criou as condições para dar lugar à vida.
Arquitetura: Aboim Inglez / Fotografia: Ricardo Gonçalves
Começamos este texto pelo fim. Maria e Ricardo Aboim Inglez, arquitectos e autores do projeto de remodelação deste apartamento localizado em Lisboa, contam: “é bom ir jantar a casa dos clientes e ver as crianças que moram no edifício a circular entre o logradouro e as salas. Ficamos com a sensação que foram criadas as condições para que a vida tenha lugar”.
Mas nem sempre foi assim. Esta é a história de um apartamento com dimensões excecionais. Os seus trinta e três metros de profundidade por sete metros de largura, levavam a um subaproveitamento dos espaços existentes. O apartamento, com um extenso corredor de quinze metros de profundidade, tinha ainda lambrim de azulejos em variadas zonas, instalações sanitárias desadequadas e um pavimento em madeira, regulador de todo o espaço.
A intervenção reequilibrou o espaço. O programa habitacional, tradicionalmente dividido entre zona social e zona privada foi, neste caso, subvertido, passando ambos a participar um do outro. As salas encontram-se viradas para a frente de rua, os quartos a meio, a sala de jantar e cozinha para o logradouro nas traseiras. Desta forma, privado e social são forçados a coexistir, tornando-se o extenso corredor no elemento central da intervenção. De modo a reforçar esse novo caráter um banco foi acrescentado.
Procurou-se a luminosidade através de alterações espaciais pontuais. Ligando-se visualmente a cozinha com a sala, esta participa mas não se deixa ver. A sala de jantar ganha luz e ainda uma varanda. As portas são eliminadas, reforçando-se assim a permeabilidade que se procura. Recupera-se o pavimento, redesenha-se onde necessário, repondo-se onde outrora existiu.
Antes
Mostramos-lhe de seguida uma galeria de imagens do apartamento antes da intervenção.