Por a 7 Dezembro 2021

Com cerca de 33 metros quadrados, este é um projeto que nos mostra que é possível ter amplitude em áreas pequenas. Jogos de texturas e gestos precisos estiveram na base da sua remodelação, assinada pelo gabinete DC.AD studio.

Arquitetura: DC.AD studio / Fotografia: Francisco Nogueira / segundo a memória descritiva enviada pelo atelier autor do projeto.

Localizado em Cascais e com cerca de 33 metros quadrados, este apartamento é a prova de que, assim como as pessoas, as casas não se medem aos palmos. Alvo de uma reabilitação da autoria do DC.AD studio, o tema principal desta intervenção foi a “clara definição das zonas de estar/quarto e das zonas funcionais/ húmidas, que se diferenciam pela aplicação de materialidades distintas e contrastantes”.

Sendo um apartamento com uma área relativamente pequena, o primeiro passo da intervenção consistiu na eliminação de todas os elementos e paredes não-estruturais, com exceção daquelas que configuravam a cozinha e a instalação sanitária existente, libertando ao máximo a amplitude do apartamento.

Em termos de espaços, o apartamento contempla uma cozinha e um quarto, em tipologia de open-space, uma instalação sanitária e ainda o aproveitamento da varanda exterior como espaço de estar.

Destaca-se na zona de estar/quarto, um novo elemento que, num só gesto, incorpora várias funções e proporciona um sentido de coerência espacial. Esta peça de mobiliário, única e contínua, em madeira, desenvolve-se em “L” ao longo de duas paredes perimetrais do apartamento e organiza simultaneamente várias valências: na entrada, funciona como uma estrutura de apoio, baixa e longitudinal, que se prolonga e transforma em cama na zona de maior extensão espacial e com vista privilegiada para o exterior; converte-se depois, na parede perpendicular, em espaço de arrumação e secretária de trabalho.

Em termos de materialidade, a textura das paredes existentes em reboco tirolês foi mantida, tendo sido deixado à vista o betão da viga estrutural. Por oposição a esta primeira área, mais clara e luminosa, as zonas funcionais húmidas da cozinha e instalação sanitária são expressamente escuras e abstratas. Optou-se pela aplicação de uma pastilha cerâmica na cor preta que percorre, tanto pelo interior como pelo exterior, as paredes limítrofes destes espaços. Todas as peças fixas, como equipamentos sanitários e móveis de carpintaria, são também no mesmo tom negro, reforçando a uniformidade e coerência do conjunto.

Foi também introduzida uma cortina em tecido burel cinza que divide visualmente o espaço e permite um controlo da relação entre as várias funções ao longo do dia.

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