O novo projeto do arquiteto Manuel Aires Mateus está enterrado sob a superfície da Terra, no coração do Alentejo.
Fotografia: Nelson Garrido
Portugal estar na moda deixou de ser uma tendência para ser um facto consumado e regular. E nesta última década em que o País passou a integrar o roteiro turístico de tantos visitantes deu-se, naturalmente, uma explosão na indústria hoteleira, resultando em hotéis íntimos um pouco por todo o país.
A nova proposta hoteleira é o quinto imóvel a aderir à coleção Silent Living e Aires Mateus é o cérebro por detrás desta conceção inspiradora.
O pequeno grupo hoteleiro que também possui o Santa Clara 1728, um hotel de seis quartos empoleirado em cima de uma das sete colinas de Lisboa, apresenta agora a Casa na Terra, fazendo jus à sua arquitetura irreverente, à beira do lago, em Monsaraz.
Foi a poucos passos das margens de Alqueva que ‘brotou’ a casa subterrânea, enterrada sob a superfície da terra, no local de uma propriedade pré-existente que estava submersa quando o lago foi criado. “A casa está localizada em uma área onde a construção não é permitida”, explica Aires Mateus em entrevista à Wallpaper. “A nossa responsabilidade ecológica também era fazer com que a casa desaparecesse na paisagem”.
Assim, com base nesta premissa, Aires Mateus inseriu a casa no chão como um bunker e recorreu ao cimento como material principal. O único elemento visível é um dossel, com uma claraboia circular, que esconde as áreas comuns e cobre um pátio ao ar livre que permite uma vista para o nascer e pôr do sol junto ao lago. Os três quartos circundam os átrios ao ar livre revestidos de azulejos brancos refletindo a luz vinda de cima.
Os interiores são subtis, inspirados pela ideia de silêncio.
A estrutura de cimento é suavizada através de madeiras naturais e mobiliário sob medida, fabricados por artesãos locais aos quais se juntam a iluminação Flos e as cadeiras Branca Lisboa. “Neste caso, o design de interiores e a arquitetura não é algo a ser visto, apenas para ser sentido”, explica.