Por a 27 Abril 2020

A estética, influências e confluência de estilos numa casa de arquiteto.

Fotografia: Paulo Lima / Texto: Isabel Figueiredo

O prédio, construído no início de 2000, com projeto de Augusto Vasco Costa, alinha-se numa das estreitas ruas de um bairro de charme de Lisboa, e a sua arquitetura contemporânea contrasta com a dos edifícios dominantes, sem contudo desvirtuar a tipicidade da zona.

Cadeiras azuis anos 60, B&B
Ao fundo, na parede, pintura em folha de ouro de Maria Albergaria e pintura tons de cinza de Juliana Matsumura

O apartamento, um duplex com entrada pelo piso 0, goza da vantagem desta localização, da vista desafogada e de luz natural em quantidade generosa, o que constatamos mal entramos, com a janela a toda a altura do duplo pé direito, que acompanha parte do corredor, e de onde parte a escada de acesso ao piso inferior.

Desenho de Isabel Garrett

A habitar a casa há pouco menos de 8 meses, os proprietários optaram por esta nova morada por aqui verem reunidas as condições para eles fundamentais – a contemporaneidade do edifício, a luz e a organização espacial, em duplex, bem como os acabamentos da casa. O projeto de interiores foi adjudicado à empresa Barros&Bernard, dos arquitetos Euclides De Barros e Christophe Bernard.

A entrada faz-se pelo primeiro andar e do hall acede-se à cozinha e à sala, neste mesmo piso. A primeira, apesar de ter uma área reduzida, está suficientemente equipada para o uso diário, prático e funcional.

Na parede de madeira na cozinha, serie de ilustrações
Exígua mas funcional, a cozinha exibe cerâmicas Bordallo Pinheiro

A segunda, palco de algumas das peças desenhadas pelos arquitetos Euclides De Barros e Christophe Bernard, une zona de estar e de refeições. Sobressai aqui o plano de vidro frontal, com vista para o casario de Lisboa, e a organização harmoniosa das peças de mobiliário, arte e acessórios selecionados.

Nota de destaque para o sofá e a mesa de centro, com design de Christophe Bernard para a Barros&Bernard, a mesa francesa dos anos 50, com cadeiras de jantar Muller (anos 60), a elegante poltrona em pele preta do arquiteto Tobia Scarpa, da Barros&Bernard, a escultura em bronze de João Castro Silva ou a tela com desenho de Isabel Garrett, além da coleção de cerâmicas modernistas dos anos 50 e 60, uma das paixões de quem ali habita.

Nota alta ainda para alguma nota de calor, dada pela parede de madeira da zona de jantar, que em boa parte contribui para um contraste de cores e texturas muito equilibrado. E desejável.

No piso inferior, de acesso pela escada de madeira que parte do corredor, alojam-se os três quartos, as duas casas de banho, uma arrecadação e o escritório, com entrada independente.

O apartamento é, assim, o cenário ideal, pelas suas características, para reunir as peças de design, mobiliário de autor e algumas obras de arte que compõem o universo de quem trabalha com interiores e arquitetura.    

“Todas as peças foram adquiridas para ocupar o seu verdadeiro espaço”, diz-nos Euclides De Barros, que salienta ainda o facto de aqui tudo contribuir “para um conjunto homogéneo de épocas e equilíbrio”, sem prejuízo do aconchego que o duplex proporciona a quem o habita.

Esta é pois, diríamos em jeito de resumo, uma casa onde mais é menos. Onde nada está fora do seu lugar. Onde tudo revela uma sensibilidade e bom senso assinaláveis.

A SABER:

Rua de Borges Carneiro 53, 1200-617, Lisboa
✆ Telf.: 21 194 1138

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