Viver na cidade como se fosse no campo pode ser uma experiência única e não acontece muitas vezes!
Texto: Marta Lucena / Fotografia: José Manuel Ferrão
É uma casa que pertence à mesma família há várias gerações. Virada a sul e com muita luz, começou por ser uma casa agrícola no início do século passado e foi acrescentada com um projeto do arquiteto José Luís Monteiro, que esteve ligado a várias obras emblemáticas e que, a pedido do proprietário, lhe conferiu um cunho árabe.
Passou a ser um refúgio de férias onde os proprietários se instalavam para ficar mais perto do mar. Mais tarde passou a habitação permanente. Depois, esteve fechada durante um período de 19 anos, o que fez com que ficasse bastante degradada: muitas infiltrações, partes do telhado a cair e vários pavimentos de madeira apodrecidos. Recuperá-la foi um trabalho exaustivo e de muita paciência.
Tanto no exterior como no interior, onde as madeiras foram raspadas à mão durante semanas, as fechaduras das portas desmontadas e soldadas de novo, os azulejos soltos, limpos e recolocados, os tetos restaurados. A intenção foi, desde o princípio, recuperar a casa, tornando-a habitável, mais atual e cómoda, mas de maneira a que nunca perdesse a sua alma antiga.
«Em relação à decoração, criei ambientes quentes e informais. Gosto de casas vividas e por isso fiz questão de deixar ficar muitos elementos originais que ganham com o passar do tempo. Por outro lado, também não queria uma casa fria, daí a decoração ser uma misturada de coisas que adaptei, comprei e mandei fazer, que não obedecem a um critério específico. Foi como se a casa fosse o meu laboratório de ideias e diverti-me com todas as escolhas que fiz!» (refere a proprietária)
Para além do espaço, uma das maravilhas desta casa é o facto de ter um jardim com 5000 m2! Quando os atuais proprietários se mudaram, o jardim estava completamente abandonado. Foi preciso limpá-lo, recuperá-lo e instalar um sistema de rega automática. Foram limpos os caminhos que nem se viam e plantaram-se dezenas de plantas, flores e até árvores, tendo em conta o desenho de jardim “francês” que sempre existiu, com os seus canteiros de bucho e muitos recantos. De repente chegou a primavera e foi uma explosão: tudo triplicou de tamanho! Ainda lá fora, existe a antiga casa do burro que também foi recuperada e serve agora de apoio a uma zona de estar perto do tanque.
Aqui, é fácil esquecermo-nos da confusão da cidade…
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