Assinatura contemporânea numa moradia que respira design
Fotografias: Fernando Guerra || FG+SG e Ricardo Oliveira Alves
Texto: Mafalda Galamas, Decoralista
Ao percorrer o tradicional bairro do Restelo, onde a habitação unifamiliar – em jeito de moradias geminadas, dos anos 40 – é recorrente, dificilmente nos apercebemos das marcas que o novo século está a deixar. As fachadas, respeitosamente mantidas, escondem a nova identidade das habitações. Lá dentro, derrubam-se paredes e erguem-se novas dinâmicas. Agora, mais adequadas às exigências dos nossos dias. É este o primeiro contraste. Tão bem refletido nesta habitação com projeto de remodelação assinado pelo atelier João Tiago Aguiar Arquitectos e design de interiores de Mónica Parreira.
O segundo contraste surge com a intervenção levada a cabo nas traseiras, que dá acesso ao jardim, mais concretamente nas portadas inspiradas na azulejaria tradicional portuguesa e nos padrões dos mosaicos hidráulicos. Elemento marcante. Singular, original e criativo. “Um padrão que funciona como uma pele que filtra a luz e serve de protecção. Foram desenhadas pelo atelier e executadas pela A. Moreira Cadete”, esclarece João Tiago Aguiar. Deste ângulo parece-nos um novo bairro.
Ao darmos os primeiros passos nesta habitação distribuida por três pisos, num total de 225m2, percebemos as intenções do proprietário. Médico, casado, com dois filhos pequenos e um cão, Juno, o protagonista desta reportagem. Pretendia-se uma casa com zona social concentrada no piso de baixo, ficando as áreas privadas reservadas aos andares de topo e, sobretudo, onde Juno pudesse viver sem quaisquer restrições.
No rés do chão procurou potenciar-se o open space, com sala de estar, de jantar e cozinha que se abrem para o jardim. O carismático Weimaranerde, cor taupe, viria a revelar-se a maior fonte de inspiração para o projeto de interiores: “O cão tem tanta personalidade que utiliza a casa a seu bel-prazer… principalmente no que toca ao sofá! Tornando-se numa das principais fontes de inspiração na hora de escolher materiais, acabamentos e cores”, revela-nos Mónica. Este sofá modular, com cerca de quatro metros, foi especificamente desenhado com base nestas necessidades. Revestido com tecido da Romo e pontuado de cor pelas almofadas da Área Store. Em seu redor dispõem-se outros elementos também de sua autoria, como a consola da entrada, a mesa lateral, de apoio e a mesa de centro. Esta, traz ao quotidiano a importância da conjugação entre estética e funcionalidade uma vez que esconde duas gavetas embutidas impercetíveis a um olhar mais desatento.
Também a televisão surge de forma integrada no ambiente, embutida na estrutura previamente pensada por João Tiago Aguiar: “É um volume fechado, todo revestido num ripado branco, que dissimula uma zona de armários e que funciona também como separador dos espaços envolventes”. Como é o caso da cozinha, onde os armários, de cor preta, contrastam com o branco e restante luminosidade.