Por a 4 Dezembro 2025

A Casa Tangram implanta-se como uma linha horizontal discreta. Procurando ser menos objeto e mais paisagem, o projeto assinado pelo coletivo TETRO utiliza a geometria para se fechar ao ruído urbano e se abrir à natureza.

Projeto: TETRO / Fotografias: Manuel Sá / segundo memória descritiva

Localizada na região metropolitana de Belo Horizonte, no Brasil, a Casa Tangram ocupa um terreno com um leve declive, nas margens de um lago. A casa é implantada no ponto mais alto do lote, de forma que, a partir da rua, se apresenta como uma linha horizontal discreta, que quase se confunde com o horizonte. Muros, taludes e o próprio volume construído formam uma barreira visual para o exterior. Quem entra, percebe logo que a rua desaparece: de dentro da casa, só se veem as árvores, a vegetação e a água.

O projeto organiza-se a partir de uma forma triangular, que inspirou o nome Tangram e que se desdobra na cobertura em madeira laminada colada. O teto, composto por uma sequência de planos triangulares, funciona como um grande abrigo: protege a intimidade da casa em relação à rua mas abre-se completamente em direção ao lago.

A luz entra por aberturas zenitais que recortam o céu e iluminam os espaços de estar e a circulação no piso superior. A estrutura é mista, combinando a leveza da madeira das coberturas e varandas com a solidez das lajes e paredes em betão aparente, em diálogo com os muros de pedra que contêm o desnível do terreno.

No nível inferior concentram-se os espaços sociais: sala, cozinha, zona gourmet, adega e piscina, todos voltados para o lago e com grandes planos de vidro e varandas generosas. Parte do programa encaixa-se no próprio muro, como a cozinha de apoio, casa de banho e adega, criando uma espessura habitada entre a casa e a terra. Nestes espaços, o contato com a paisagem é direto: a água da piscina parece prolongar o espelho do lago e o interior estende-se para o exterior sem limites claros.

No nível superior, a ala íntima reúne cinco quartos: a suíte principal, dois quartos para os filhos e dois quartos de hóspedes. Todos se abrem para a vista, protegidos pelo grande beiral da cobertura e pela distância em relação à rua. A vida acontece sempre emoldurada pela natureza, nunca pelo ruído urbano.

Entre o desenho preciso da estrutura e a suavidade da paisagem, a Casa Tangram procura ser menos objeto e mais passagem: uma casa que protege do movimento da rua para se poder abrir por completo ao lago e à vegetação.