Por a 26 Setembro 2025

Desenhada para a ceramista Diane Cossermeli e para a sua filha. Esta casa une arquitetura contemporânea e estratégias sustentáveis, em diálogo com a natureza.

Projeto: Shinagawa Arquitetura / Fotografias: Evelyn Müller

Implantada nas encostas arborizadas da Serra da Mantiqueira, a Casa Tikira foi concebida como um refúgio de contemplação e reconexão. O projeto nasce do diálogo entre formas essenciais e a paisagem, marcada por um clima ameno, e vegetação nativa.

Desde a implantação, procurou-se minimizar o impacto no local. Foram preservadas árvores nativas e aproveitado um planalto existente para acomodar o volume principal. Parte da casa permanece em balanço sobre o declive natural, o que reduziu a movimentação de terra e manteve a topografia original.

A planta foi concebida como um U, com volumes levemente deslocados para responder à distribuição e à função. Esta estratégia cria relações visuais e de circulação entre os blocos, conectados por pátios e por uma pérgola vazada que filtra a luz e marca a transição entre interior e exterior. No centro, abre-se um pátio voltado para o vale.  

O volume principal, com telhado de duas águas e grandes planos envidraçados, reafirma o arquétipo de abrigo e enquadra a paisagem. Nas alas laterais, as suítes recebem insolação generosa e ventilação cruzada, reduzindo a necessidade de climatização artificial.

A estrutura combina fundação em betão e armação metálica, permitindo vãos amplos e leveza. As paredes misturam alvenaria e madeira, com revestimento exterior em madeira natural certificada. No pavimento, a madeira maciça predomina nas áreas sociais e íntimas, reforçando a sensação de aconchego e continuidade visual. Já o porcelanato de grande formato, com textura acetinada, foi reservado para as áreas húmidas como casas de banho, lavandaria e ateliê, garantindo durabilidade e facilidade de manutenção.

As soluções sustentáveis orientaram toda a concepção. Foram adotadas estratégias passivas de ventilação e iluminação, implantação com orientação solar estudada e uso de materiais de origem local. A cobertura recebe placas fotovoltaicas para geração de energia, o aquecimento de água é solar e a captação de chuva abastece sistemas de reuso. A casa também conta com tratamento de águas cinzentas, ampliando a eficiência no uso dos recursos hídricos. A preservação da vegetação e o assentamento sobre o planalto existente reduziram a pegada da obra e reforçaram o vínculo com o lugar.

No interior, a carpintaria fixa desenhada pelo escritório organiza os espaços e integra funções.  O mobiliário combina design brasileiro contemporâneo e peças artesanais, criando uma linguagem de conforto, simplicidade e funcionalidade. Um volume adicional imerso na mata abriga o ateliê de cerâmica da proprietária e da sua filha, ampliando a experiência criativa em contato direto com a natureza.