Por a 16 Setembro 2025

A ARCOlisboa, feira internacional de arte contemporânea portuguesa, celebrou a sua 8ª edição — de 29 de maio a 1 de junho, na Cordoaria Nacional. Em entrevista à Urbana, Maribel López, diretora da ARCO, falou sobre os desafios, as tendências e o futuro.

Texto: Isabel Pilar de Figueiredo / Fotografias: Rodrigo Gatinho

Urbana: A ARCO tem sido um ponto de encontro essencial para o mundo da arte contemporânea. Como vê a evolução da feira nos últimos anos?

Maribel López: Acredito que a ideia da ARCOlisboa como um ponto de encontro é uma das mais relevantes para o projeto. Ser porta-voz e articulador da rica e complexa cena artística portuguesa para o exterior sempre foi uma missão — e, nos últimos anos, temos visto essa missão transformar-se em realidade.

Quais são os principais desafios para uma feira de arte no cenário atual?

Prefiro pensar mais nas oportunidades do que nos desafios. É verdade que os desafios do presente são imensos — no momento em que respondo a esta entrevista, eles até ultrapassam a minha capacidade de compreensão. No entanto, o mundo da arte, por meio das exposições e também das feiras, oferece-nos oportunidades valiosas de avançar enquanto sociedade. São essas oportunidades que devemos abraçar e fortalecer.

De que forma a ARCO se adapta às novas dinâmicas do mercado da arte, especialmente com a digitalização e os NFTs?

Estamos sempre atentos às evoluções digitais e incorporamo-las na feira como ferramentas, para as galerias e para a visibilidade dos artistas. Mas é importante destacar que essas tecnologias não são um fim em si mesmas.

Há alguma tendência artística emergente que tenha chamado a sua atenção nas últimas edições da ARCO?

É fascinante observar como, num mundo de aceleração e aparente desmaterialização, os artistas têm recuperado saberes de tempos antigos — como a cerâmica, o vidro e o têxtil — e os têm transformado em importantes formas de comunicar o contemporâneo. Essa é uma tendência em crescendo, há anos, e carrega consigo compromisso, respeito e uma visão voltada para o futuro.

Como é feita a curadoria da feira? O que determina a seleção das galerias e dos artistas?

A estrutura de curadoria divide-se em dois blocos. De um lado, o Comité Organizador, responsável por selecionar todas as galerias do Programa Geral com base nos projetos enviados. De outro, as secções com curadoria específica, como a Opening Lisboa e As Formas do Oceano, que contam com profissionais do mundo da arte trazendo novas ideias e visões.

Qual é o papel da ARCO na promoção de novos talentos do mundo da arte contemporânea?

Acredito sinceramente que a ARCO desempenha um papel fundamental na inserção desses novos talentos no circuito profissional da arte contemporânea. Tanto para os artistas que expõem na feira como para aqueles que, por via dela, compreendem melhor como fazer parte desse universo.

Como foi a sua trajetória até assumir a direção da ARCO?

A minha formação é em História da Arte e a minha carreira profissional desenvolveu-se no universo das galerias de arte contemporânea — daí o meu respeito e a minha absoluta convicção no trabalho dessas instituições — e também na curadoria experimental.

Qual foi o maior desafio e o maior êxito à frente da feira?

O maior desafio é, sem dúvida, trabalhar à distância. Já o maior êxito é ver como a arte portuguesa ganha cada vez mais atenção — e é nossa intenção que esse reconhecimento cresça cada vez mais!

Como imagina o futuro da ARCO nos próximos anos? Há novos formatos ou projetos em desenvolvimento?

O futuro de ARCO está diretamente ligado ao futuro das galerias, dos artistas. O nosso objetivo é apoiá-los, ouvi-los. O maior projeto é conseguir uma atenção ainda maior para a arte contemporânea e trabalhar para que sua importância e o seu potencial como ferramenta de transformação social sejam cada vez mais compreendidos.