Este projecto não é apenas uma resposta à escassez de espaço. É uma prova de que o design inteligente, aliado a escolhas afetivas e funcionais, pode transformar mesmo as casas mais pequenas.
Projeto: Cité Arquitetura / Fotografia: Dani Leite
Em pleno coração de Ipanema, onde o ritmo da cidade se cruza com a calma do mar, um pequeno estúdio com 36m² transformou-se num verdadeiro refúgio contemporâneo. O projeto, concluído em 2024, foi concebido para um jovem profissional que vive sozinho e procurava um espaço funcional, prático e com identidade. Com uma rotina acelerada e um olhar criativo, o morador queria que a sua casa espelhasse o seu estilo de vida: urbano, leve e descomplicado.
A premissa era simples, mas exigente: maximizar cada metro quadrado, sem abdicar do conforto nem da estética. A inspiração surgiu do próprio bairro – Ipanema, onde a natureza, o lazer e a energia citadina convivem em equilíbrio. Essa leveza solar foi transportada para o interior, através de uma paleta neutra, materiais naturais e soluções inteligentes de design.
O grande destaque do projeto é a estante multifuncional que percorre uma das paredes principais. Concebida em marcenaria escura, assume o papel de peça-chave na organização e definição do espaço. Com funções integradas – desde a zona da cozinha e arrumação, até ao nicho para a televisão e uma pequena área de trabalho – esta peça alia funcionalidade e estilo. Um detalhe que merece nota: o recuo das prateleiras em relação à estrutura permitiu a introdução de tampos em pedra, adicionando profundidade visual e reforçando o conceito de sofisticação discreta.
A escolha de materiais e cores criou uma atmosfera acolhedora e harmoniosa. O pavimento em porcelanato Eliane Cité Ardósia Calcário (90×90 cm) foi utilizado tanto na zona social como no interior do duche, garantindo continuidade e amplitude visual. As paredes revestidas com massa texturizada Monoo Sabbia, em branco, ampliam a luz natural e mantêm a linguagem minimalista e serena do espaço.
No quarto de banho, destaca-se o uso do granito Branco Carioca escovado e impermeabilizado na parede exterior, combinando resistência com um toque de brasilidade subtil. Já no interior do duche, o porcelanato reaparece, assegurando uniformidade e funcionalidade.
O projeto de iluminação foi desenhado para valorizar texturas e volumes. A luminária suspensa Nuvem, assinada por Thomaz Velho, flutua com leveza sobre o espaço, criando movimento e leveza. Colocada junto à obra de Ari Kaye – que retrata o mar e as ilhas Cagarras – reforça a ligação entre o interior e a paisagem carioca, mesmo quando vista apenas em imagem. A iluminação indirecta, cuidadosamente planeada, cria uma atmosfera envolvente, ideal para um dia-a-dia que alterna entre o trabalho remoto e momentos de descontração.
Peças com história também marcam presença: um móvel antigo em madeira foi integrado na marcenaria contemporânea, e os tradicionais azulejos portugueses surgem aqui reinterpretados com um olhar moderno – numa união entre passado e presente que espelha a personalidade do morador.