Este apartamento parte de uma planta dos anos 70 para refletir a personalidade e as paixões de Flávia, a sua moradora – uma colecionadora de fotografia e entusiasta de comida. A renovação gira em torno de uma cozinha generosa e social e integra uma galeria de arte privada que se desdobra por toda a casa.
Projeto: Goiva Arquitetura / Co-Autoria: Iná Arquitetura / Fotografias: Maura Mello
Com 160 m² e uma planta original da década de 1970, este apartamento localizado em São Paulo passou por uma transformação profunda para refletir uma nova forma de habitar. Atualizado pelo estúdio Goiva, dos arquitetos Marcos Mendes e Karen Evangelisti, o projeto aposta numa visão contemporânea de interior, onde a estética e a funcionalidade caminham lado a lado — e onde a cozinha assume o protagonismo absoluto.



Desde o início, o pedido foi claro: uma cozinha ampla, convidativa e social, no centro da casa. Apaixonada por cozinhar e receber amigos, Flávia desejava um espaço que integrasse a vivência culinária com o prazer da convivência. Para isso, os arquitetos redesenharam a planta original, altamente compartimentada e com uma área de serviço desproporcional, para uma configuração mais fluída. A antiga lavanderia foi reduzida ao essencial, e todo o restante da área foi convertido numa cozinha generosa, equipada com ilha central, bancada de trabalho, armários sob medida e até uma garrafeira embutida.





A nova cozinha abre-se para a sala de estar e jantar, formando um ambiente contínuo, onde tudo parece acontecer de forma natural. A madeira de demolição no pavimento reforça essa sensação de continuidade, inclusive na própria cozinha, onde o material geralmente daria lugar a revestimentos frios. O resultado é um espaço acolhedor, elegante e perfeitamente funcional.




Mais do que um projeto de interiores, o apartamento é também um reflexo da personalidade da moradora — apaixonada por arte e design brasileiro. Uma galeria privada percorre o imóvel desde a entrada: no hall azul profundo, já se anunciam as primeiras fotografias da coleção de Flávia, que se estende ao longo dos corredores, com destaque para uma boiserie em rosa queimado que serve de moldura para as imagens em preto e branco. A seleção precisa das obras — todas em diálogo com o espaço — revela uma curadoria atenta e íntima.



“A conversa entre arquitetura, interiores e design funcionou muito bem porque criou esta unidade e personalidade que é a cara do apartamento”, comenta Karen Evangelisti. “A coleção de obras de arte e mobiliário da Flávia com certeza contribuiu muito para o resultado do projeto. Essa curadoria merece ser destacada.”




Na zona mais reservada da casa, dois antigos quartos foram unidos para dar lugar a uma suíte principal espaçosa, com closet aberto e uma casa de banho que alia conforto e sofisticação: banheira, duche generoso e acabamentos elegantes. Um terceiro quarto foi transformado num escritório multifuncional, que também pode receber hóspedes, com direito a casa de banho própria.







A paleta de cores neutras — entre tons claros, rosa suave e o azul intenso dos halls — permite que a arquitetura respire e que os elementos de arte e design ganhem protagonismo. Detalhes em dourado, como luminárias e puxadores, pontuam o projeto com elegância.



Mais do que uma simples renovação, este apartamento revela uma narrativa bem construída entre história, identidade e expressão pessoal. Uma casa que é, ao mesmo tempo, galeria, palco de encontros e refúgio. Um projeto onde cada detalhe foi pensado para celebrar a arte de viver.