Por a 20 Maio 2025

David Lynch foi o ponto de partida para a construção da atmosfera que Carlos Archer assina neste SLEEP IN. O arquiteto cria um cenário onde imagem e arquitetura se fundem e onde a música e a fotografia também estão presentes.

SLEEP IN 2025 – Instagram Edition, organizado este ano, pela primeira vez, em parceria com a revista URBANA, está de volta e promete mais uma edição inesquecível. Até ao próximo dia 25 de maio, das 15h às 21h, o icónico Palacete Silva Monteiro, na Rua da Restauração, n.º 318, no Porto, é o palco para a 7.ª edição deste evento imersivo, que reúne ateliers de arquitetura e design, artistas plásticos, performances ao vivo e uma programação cultural que cruza design, inovação, gastronomia e arte. Carlos Archer fala-nos das suas inspirações e do seu trabalho e diz-nos porque não se pode perder este evento.

URBANA: O que nos pode adiantar sobre a sua participação no SLEEP IN? Inspiração, ambiente, intervenção…

Carlos Archer: O espaço que habito nasce de uma resposta direta ao próprio edifício, uma estrutura dos anos 70, decadente, com uma forte presença da passagem de um artista plástico. O espaço que me coube era estreito, pequeno, quase claustrofóbico. E foi precisamente esse constrangimento físico que me levou a pensar na obra de David Lynch, não só como cineasta, mas como alguém que também trabalha o som, a imagem, a luz e a arquitetura emocional com igual intensidade. Lynch torna-se o ponto de partida para a construção da minha atmosfera. Pensei numa instalação que funcionasse como um cenário, como um fragmento de um universo possível dentro dos seus filmes. Um espaço que toma a forma de um bar hi-fi, dedicado à escuta profunda, mas que funciona simultaneamente como galeria. Foi uma oportunidade de pensar o espaço não como contenção, mas como dispositivo. Um espaço-limite onde som, imagem e arquitetura se fundem para dar lugar a um cenário, como uma cena de um filme que ainda não foi feito, mas que aqui se sonha.

O que podemos encontrar ao visitar o ambiente e a exposição que criou para esta edição?

Um espaço cénico, onde a música e a fotografia andam de mão dada. Sem revelar demasiado, trata-se de um ambiente marcante, saturado de tons quentes.
Nas paredes, cinco fotografias de casas abandonadas, uma memória do passado.

O que o fascina nas casas abandonadas e porquê fotografá-las?

O que me fascina nas casas abandonadas, antes de mais, é a curiosidade, o que escondem por detrás das paredes outrora vividas? Quem ali habitou? Que funções desempenharam? Penso que essa inquietação habita em todos nós. A ruína seduz-nos não pelo que mostra, mas pelo que insinua

No entanto, o que verdadeiramente me move é a procura pelo detalhe, por vestígios de uma época, por traços de um determinado movimento arquitetónico. Cada espaço tem a sua magia, uma identidade própria que resiste ao tempo, mesmo em ruína. A documentação fotográfica desses espaços surge, assim, como um gesto de preservação. Num contexto em que o abandono conduz inevitavelmente à degradação física, então a fotografia assume um papel fundamental na conservação digital da memória. Devemos encará-los como casos de estudo , uns mais relevantes do que outros, é certo, mas todos com um encanto singular. São fragmentos do nosso património arquitectónico, marcados pela passagem do tempo e pela inevitável degradação. Captar essas imagens é, no fundo, uma tentativa de preservar digitalmente aquilo que, em muitos casos, está prestes a desaparecer. Preservar, mesmo que apenas por imagem, é resistir ao esquecimento.

Porque não devemos perder este evento?

É uma oportunidade única de num só lugar poder ver o trabalho de vários arquitetos e designers, onde cada um adapta um espaço já existente a uma personagem

Na sua opinião, o que a Revista URBANA enquanto parceira do SLEEP IN acrescenta ao evento?

Profissionalismo, credibilidade e uma maior visibilidade.

Sobre o SLEEP IN

O SLEEP IN 2025 – Instagram Edition, organizado este ano, pela primeira vez, em parceria com a revista URBANA, está de volta, prometendo mais uma edição inesquecível. Entre 15 e 25 de maio, das 15h às 21h, o icónico Palacete Silva Monteiro, na Rua da Restauração, n.º 318, no Porto, será o palco para a 7.ª edição deste evento imersivo, que reúne ateliers de arquitetura e design, artistas plásticos, performances ao vivo e uma programação cultural que cruza design, inovação, gastronomia e arte. Este ano, a temática “Instagram Edition” convida os participantes a explorar e interagir com os ambientes de forma a gerar experiências sensoriais que poderão ser partilhadas no universo digital. Pelo segundo ano consecutivo, o evento é acolhido pela Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CRVV), e a NEUCE assume o papel de Main Sponsor, reforçando o apoio ao talento nacional e à inovação no design.