No coração da Figueira da Foz, a reabilitação de um edifício oitocentista transformou-se num ato de reverência à memória. Dividido em dois apartamentos, os interiores são marcados pelo calor da madeira natural e pela luminosidade das janelas, assegurando que cada espaço celebra a história do edifício, continuando assim a sua narrativa. O projeto é assinado pelo escritório Tisem e as fotografias são da autoria de Ivo Tavares.
Projeto: : Tisem / Fotografia: Ivo Tavares Studio / segundo memória descritiva
Este projeto nasce da reabilitação da mansarda de um edifício oitocentista, localizado no coração da Figueira da Foz.
De frente para o rio Mondego, o edifício – constituído por três pisos e sótão -, assume uma posição privilegiada na zona velha da cidade. A estrutura da cobertura e o telhado, ao apresentarem várias patologias, passaram a representar uma oportunidade para repensar a planta deste último piso de modo profundo e integrado.
Começou assim a ganhar vida o projeto Mansardas da Praça 8 de Maio – uma proposta com elementos modernos, que respeitou a nobreza e história do edifício mas, simultaneamente, o rejuvenesceu, ao transportar a frescura e leveza do rio e da praia, de fora para dentro.
As principais preocupações passaram por preservar e valorizar o espaço, otimizar a área habitável e estabelecer um diálogo harmonioso entre o novo e o existente.
Desta forma, o projeto dividiu o espaço existente em dois apartamentos: um T1, composto por sala/cozinha em open space, quarto, casa de banho completa e espaço técnico/arrumo; e um T2, que replica o mesmo esquema, com um quarto adicional e um pouco mais de área no open space sala/cozinha, permitindo a introdução de uma ilha.
Em ambos os apartamentos, as salas beneficiam de vistas para a praça e para o rio e todos os compartimentos habitáveis têm janela.
O interior é caracterizado pelo ritmo e harmonia da grelha estrutural da cobertura, pela luminosidade das janelas refletida na brancura dos acabamentos interiores e pelo calor e textura da madeira natural, presente em todos os espaços, no chão e no teto.
A arquitetura proposta é simples e despretensiosa, assente no princípio que cada intervenção deve refletir a visão, arte e técnica do seu tempo – o novo não adultera nem replica o existente, assume as diferenças e assegura continuidades, continuando a escrever a história do edifício.