O coletivo de arquitetura Bond assina o projeto de reconversão de uma casa pré-fabricada e incaracterística num refúgio contemporâneo para a arte e os artistas que o colecionador Ilan Cohen ali gosta de reunir.
Projeto de Arquitetura: Bond / Fotografia: Chris Mottalini / segundo a memória descritiva
Imagine uma casa tipo-kit, que parece saída diretamente de um catálogo de meados do século, transformada num refúgio contemporâneo onde o colecionador Ilan Cohen gosta de acolher a arte e os artistas, amiúde.
Aquele que foi, antes, um modesto edifício branco com dois quartos e um telhado ligeiramente pontiagudo, originalmente construído em 1959, pedia uma revisão urgente.
Quando Ilan Cohen comprou a propriedade, em 2021, sentiu-se imediatamente atraído pelo perfil esguio do volume construído, inspirado no modernismo de meados do século da Califórnia. Havia vestígios, ainda assim, de uma renovação levada a cabo em 1999, incluindo os armários de cozinha laminados em tons de jóias, e tal como uma das habitações mais antigas da área, também o interior precisava de ser atualizado e reconfigurado.
O objetivo do ateliê de arquitetura passou, em primeiro lugar, por descomplicar o interior e trazer de volta a simplicidade do design original e, ao fazê-lo, os limites da rígida planta modernista fariam, gradualmente, parte do passado, começando a esbater-se. Os arquitetos começaram por remover todos os acabamentos coloridos visíveis, resultado da renovação anterior efetuada pelos anteriores proprietários, em 1999 e, logo a seguir, deslocaram a lareira para o outro lado da sala principal por forma a criar espaços distintos para o descanso e para as refeições.
A maior parte das prateleiras e dos armários suspensos foi removida e os aparelhos de cozinha – incluindo o frigorífico e o congelador – foram colocados numa ilha e nos armários adjacentes como forma de criar linhas de visão desobstruídas e permitir que as conversas fluam facilmente através da planta aberta.
Ao longo de uma das paredes da sala de estar, foram instalados painéis de madeira em ângulos verticais e de 45 graus, contrastantes, em homenagem a Horace Gifford, o arquiteto das muitas casas históricas, e muito procuradas, naquela zona. No teto, a nova camada de tinta branca brilhante, entretanto aplicada, reflete o azul-marinho da piscina de água salgada instalada mesmo em frente ao deque.
As únicas áreas que se mantiveram inalteradas foram as casas de banho geminadas, com os seus azulejos azuis e a parede de vidro canelado, através da qual os chuveiros adjacentes são visíveis, de forma nebulosa, um para o outro.