Ver a sua obra em órbita no espaço é um dos desejos de Márcio Vilela. Mas são muitos os projetos e desejos do fotógrafo nascido no Recife mas residente em Portugal desde 2002. Este ano, conta-nos, “pretendo percorrer a Patagónia de carro de Norte a Sul”.
Texto: Isabel Figueiredo
Licenciado em fotografia pelo Instituto Politécnico de Tomar e com um mestrado em “Contemporary fine art photography” pelo Istituto Europeo di Design de Madrid, Márcio trocou a veterinária pela fotografia e não se arrepende um dia que seja da sua decisão.
Nascido no Recife, Brasil, chegou a Portugal em 2002 para estudar fotografia — “na altura estudava medicina veterinária no Brasil, mas desisti do curso para seguir a carreira de artista. A ideia era ficar por cá apenas 4 anos até terminar a licenciatura. Acabei por nunca regressar”.
Desde muito jovem que Márcio mostrava interesse pela forma como observada o mundo enquadrado dentro do visor de uma câmara. Em meados dos anos 80, o pai comprou-lhe uma câmara de vídeo amadora — “adorava brincar com ela”. Nas viagens que fazia com a tia, esta máquina compacta era a sua inestimável companhia, “transportava-a sempre comigo, tinha eu cerca de 9 anos”. Aos dezassete, comprou a sua primeira Rreflex 35mm. “Senti que era uma forma natural de expressar-me para além das palavras, o sentimento era o de ter descoberto uma nova cor até antes invisível”.
Com o passar do tempo, a fotografia ganhou uma outra dimensão na sua vida, “uma dimensão tão grande que deixei de ir às aulas da faculdade de medicina veterinária para ir fotografar”. Já se passaram quase vinte e dois anos desde que decidiu dedicar-se a esta disciplina e não houve um dia sequer em que não pensasse nos seus projetos. E como estes levam alguns anos a ganhar forma, a desenvolver-se, Márcio conta-nos ter sempre outras iniciativas a decorrer em paralelo: “Neste momento estou a seguir o eclipse solar pelo mundo. Também estou a desenvolver um grande projeto sobre o céu noturno — ver uma obra de arte minha em órbita no espaço.”
A sua pesquisa relaciona-se com os estudos da paisagem e com as relações entre a arte e a ciência, sendo frequente o seu envolvimento com instituições de investigação em astrofísica, engenharia aeroespacial, hidrografia entre outras. São muitos os projetos e as vontades de realizar e concretizar desejos. “Este ano pretendo percorrer a Patagónia de carro de Norte a Sul, terminando a viagem no dia 2 de Outubro na Terra do Fogo. Neste dia e local ocorrerá um eclipse total do Sol, e eu estarei lá para ver”.