Patrícia Coelho não para. À sua carreira, que soma sucessos, ao lado do marido, junta-se agora o desenho de peças de mobiliário. Rondinart é o nome desta marca que tem tudo para voar mais longe e enriquecer ainda mais as nossas casas.
Fotografias: Ricardo Junqueira / Texto: Isabel Figueiredo
Diz ser uma afortunada. Afortunada, porque a vida continua a colocar no seu caminho pessoas “tão bonitas e generosas”, porque a cada dia que passa consolida a certeza de estar no percurso certo, porque os novos desafios surgem e com eles o apoio dos que a rodeiam…
“Rondinart é uma marca de prestígio e de muita qualidade e leva o que é nosso além-fronteiras, e isso deixa-nos, a todos os envolvidos, muito orgulhosos! Se conseguir deixar este legado, serei uma mulher plena e muito feliz”, confessa-nos.
Curiosa e sempre à procura do que a faz feliz, Patrícia passou pela Faculdade de Direito, depois experimentou a área da Educação até que, no final dos anos 90, se juntou ao marido na sua empresa de construção. “Criei a empresa em sociedade com o meu marido em 2004 e desde aí tenho estado ligada ao imobiliário, numa abordagem 360º, do acompanhamento das obras até ao cliente final”.
A empresa, que entrega projetos chave-na-mão e atua sobretudo do segmento de luxo, foi mais um gatilho. A Rondinart nasce, justamente, do seu gosto pelo design, pelos materiais e pelas pessoas. “Durante estes quase vinte anos, fui deixando a minha ‘marca’, aqui e ali, com algumas peças personalizadas feitas à medida desses projetos e de acordo com as necessidades, de que me ía apercebendo, no decurso dos processos de construção e acabamento”.
De forma autodidata, e com base na experiência adquirida ao lado do marido, engenheiro civil, Patrícia colabora estreitamente com as equipas de carpintaria e marcenaria, elementos fundamentais para a boa evolução da Rondinart: “Desafiei estas pessoas a desenvolver algumas das peças que fui desenhando para colmatar as necessidades específicas de cada projeto, assim como de cada família, e o resultado tem sido muito positivo”.
“Sempre tive muita facilidade em visualizar e prever o que melhor se ajustava a cada espaço. Além disso, tenho o privilégio de trabalhar junto dos arquitetos, de poder acompanhar toda a parte de engenharia, em obra, e isso permite-me adequar a construção à decoração com alguma facilidade e de forma personalizada”.
Ao longo dos anos, foram vários os clientes e os amigos que contribuíram para o arranque desta nova fase. “Ouvia muitas vezes: por que não crias uma marca de mobiliário própria?”.
“A verdade é que todas as casas em que morei sempre tiverem peças criadas por mim. Algumas acompanham-me até hoje, outras ficaram nas casas com os novos proprietários, porque faziam sentido naqueles espaços, e é esse legado, que perdura na peça e na história das famílias que as usam, que me encanta e que me desafiou a lançar a Rondinart”.
A primeira coleção nasce da inspiração de uma cadeira desenhada pelo estúdio dos irmãos Campana, a icónica Favela. Em 2019, quando mudou para a nova casa, construiu um espelho de grandes dimensões com a moldura feita de pequenos pedaços de madeira, à semelhança da Favela. Mas só no final de 2022, Patrícia (ar)risca umas ideias para novas peças no seu ‘sketch notebook’ e parte desse espelho para desenhar uma mesa e um móvel-bar, com o mesmo acabamento.
“Depois destas, surgiu a ideia de construir uma cadeira com as costas feitas pelo amigo e designer João Bruno Videira, que trabalha a lã de Arraiolos como poucos, e cujo trabalho muito admiro”. A estas cadeiras deu o nome Rondina. “Desenhei mais uma linha de mesas, onde misturei a lã de Burel, a madeira e a pedra nos tampos, e estas receberam o nome Serra por combinarem os elementos naturais que extraímos da serra.
Desenhei ainda uma mesa em homenagem ao trabalho de construção que desenvolvemos, a Brick, composta por pequenos retângulos empilhados que simbolizam o tijolo, um dos materiais mais utilizado pela nossa empresa.”
A coleção foi gizada por Patrícia, que contou com a ajuda do filho, estudante de arquitetura, para os desenhos técnicos, que seriam mostrados aos marceneiros e cadeireiros, do norte do país. “Fiz uma pesquisa exaustiva dos melhores marceneiros e fui descobrindo esta maravilhosa arte que os nossos artesãos desenvolvem de forma discreta para todo o mundo. Tenho o privilégio de os ter comigo neste projeto, abriram-me as portas das suas oficinas para construírem as peças, e eu acompanhei, passo a passo, junto dos artesãos, o desenvolvimento e acabamento de cada uma. Isso foi extremamente enriquecedor”, pontua.
As pedras usadas por Patrícia são originárias do Mercado da Pedra, em Braga; as lãs de burel são da Burel Factory e de Arraiolos, estas últimas apenas usadas nas costas das cadeiras Rondina, segundo o minucioso trabalho de João Bruno.
Para breve, contam-se mais peças, a presença, em setembro, da Rondinart no Coletivo 284, o lançamento do site e do catálogo e, em 2024, a ambição de Patrícia é voar com a Rondinart e ver a sua marca exposta nalgumas feiras internacionais. O futuro só pode ser risonho e reunir ainda mais ideias, e mais gente, em seu redor.