Por a 31 Dezembro 2025

A coleção Eterna, da Argenta, nasce da relação entre luz e matéria, reinterpretando mármores de todo o mundo em cerâmica contemporânea e explorando precisão, textura e detalhe para criar superfícies intemporais que transformam e valorizam os espaços.

O arquiteto japonês Tadao Ando escreveu que a luz transforma a matéria e a matéria transforma a luz. Essa relação define grande parte da sua obra e resume também a ideia que sustenta a arquitetura contemporânea: os materiais não se limitam a ocupar o espaço, transformam-no. A precisão, a textura e o detalhe determinam a forma como a luz é percecionada, como o lugar se organiza e como é habitado.

É a partir desta perspetiva que nasce Eterna, uma nova família cerâmica desenvolvida pela Argenta como demonstração da sua capacidade técnica e material. O projeto reúne diferentes mármores do mundo reinterpretados através da cerâmica contemporânea, cada um trabalhado para reproduzir a essência do material natural e adaptar-se a diferentes acabamentos — polido, mate, lapado ou abujardado.

Mais do que uma série, Eterna é uma coleção de coleções que explora a relação entre matéria, proporção e luz. O seu objetivo é ampliar as possibilidades construtivas do mármore através da precisão técnica e do controlo gráfico que caracterizam a Argenta.

O detalhe é o fio condutor desta nova família: no alinhamento das veias, na continuidade entre peças, na forma como a luz se desloca sem interrupções sobre a superfície. Visualmente, Eterna propõe uma leitura serena e contida do mármore — superfícies depuradas, equilibradas e intemporais que acompanham a arquitetura com naturalidade.

Na imagem em cima, os volumes de uma habitação parecem esculpidos num único bloco de pedra. A superfície Flavia reveste a fachada com um travertino reinterpretado em chave cerâmica, onde o veio vertical se transforma em ritmo construtivo. A precisão das juntas e a continuidade gráfica permitem ler o edifício como uma sequência ordenada de planos, coerentes e sóbrios.

A coleção Nesta prolonga-se em superfície desde o chão até às paredes com absoluta continuidade. A luz natural reflete-se sobre o fundo branco do mármore Calacatta reinterpretado, criando uma atmosfera ampla, precisa e silenciosa. As veias cinzentas e douradas percorrem o espaço como linhas de tensão que organizam a composição, equilibrando movimento e tranquilidade. Nesta sala de estar, as grandes peças polidas amplificam a luz que entra pelas amplas janelas, proporcionando uma claridade controlada.

No quarto, a textura brilhante contrasta com a madeira natural, gerando um diálogo entre o mineral e o orgânico. O seu desempenho técnico é tão importante quanto a aparência. Os acabamentos — mate, polido, silk (mate sedoso) e lapado — oferecem diferentes graus de interação com a luz, permitindo adaptar o resultado a cada espaço. Nesta representa a luz construída, o mármore transformado num plano técnico onde cada junta, veia e reflexo fazem parte do design do espaço.

Na cozinha revestida com Raffaello, tanto no pavimento como em parte da parede, a cerâmica integra-se com a madeira e o betão numa composição contida. Os tons marfim do mármore Avorio di Segesta traduzem-se numa superfície quente e homogénea, onde a veia dourada se percebe como uma marca subtil. O resultado é uma atmosfera equilibrada e luminosa, ideal para projetos que procuram calma e continuidade.

Na sala de jantar, a textura quase impercetível do material transforma-se num fundo neutro. A luz natural distribui-se de forma uniforme sobre a superfície, criando conforto visual e ampliando a sensação de espaço. A cerâmica atua como suporte silencioso, permitindo que a arquitetura, o mobiliário e a vegetação se integrem sob um mesmo tom. O detalhe da peça revela um trabalho de precisão gráfica: a veia dilui-se com naturalidade, sem repetições nem contrastes bruscos. Raffaello representa a superfície essencial dentro de Eterna: aquela que unifica, equilibra e dá coerência ao conjunto. É o material que não procura protagonismo, mas sim estabilidade visual; uma base sobre a qual se constrói o restante do projeto.