Por a 18 Novembro 2025

O ateliê Stene Alexopoulos, com sede em Paris e Atenas, assina este apartamento composto por uma sobreposição de referências atenienses, da Antiguidade aos dias de hoje.

Projeto: Stene Alexopoulos / Fotografias: Ines Silva Sá

O mais recente projeto de arquitetura de interiores do atelier de arquitectura franco-grego Stene Alexopoulos, é uma penthouse com terraço e vista para a Acrópole, que combina materiais nobres com uma seleção curada de escultores gregos e franceses.

Situado no coração de Plaka, o bairro histórico de Atenas conhecido como o “bairro dos deuses”, este apartamento encontra-se mesmo por cima da praça da Igreja Bizantina de Santa Catarina, a poucos passos da Rua Tripodon, considerada a rua mais antiga da Europa ainda em uso, com mais de 2.500 anos de história. É neste cenário carregado de memória que se ergue um edifício tipicamente ateniense dos anos 1950, testemunho de um modernismo contido e mediterrâneo. O apartamento de 75 m², localizado no último piso, possui um terraço panorâmico e o seu projeto é também uma história de herança: o apartamento pertenceu à avó de Elena Alexopoulos e foi reinventado com cuidado e sensibilidade para se tornar simultaneamente espaço habitacional e estúdio criativo.

Em consonância com o ano de construção do edifício (1955), o projeto recorre a materiais emblemáticos dessa década na Grécia: mármore, aço inoxidável e madeira maciça.
A maior parte do mobiliário foi desenhada pelo atelier e executada por artesãos locais. A paleta cromática baseia-se nos tons naturais dos próprios materiais. Cada peça foi concebida como um protótipo feito especificamente para o apartamento, como o lavatório da casa de banho ou os elementos em mármore e aço inoxidável.

O projeto presta homenagem ao rico património cultural de Atenas através de uma sobreposição de referências: a Antiguidade (no uso de mármores locais e formas clássicas), o artesanato grego do século XIX e o modernismo dos anos 1950. O edifício funciona como um cenário para uma composição interior que combina mobiliário por medida, peças vintage e objetos cuidadosamente selecionados.

Na sala, um conjunto de peças desenhadas pelo atelier reflete tanto a era de construção do edifício como alusões à Grécia Antiga. A mesa de centro, em mármore branco maciço grego de Dionysos — o mesmo mármore utilizado na Acrópole —, é concebida como um monólito bruto apoiado sobre dois blocos maciços, evocando um espírito arcaico. À sua volta, poltronas em aço inox escovado, também desenhadas pelo atelier.

O sofá em nogueira, com pernas arredondadas que remetem para o estilo grego antigo, complementa a mesa. Pequenas mesas laterais em mármore cipollino e módulos em nogueira acompanham as estantes do mesmo mármore.

A mesa de jantar assenta sobre uma base de colunas fundidas, uma referência às colunatas do Parténon e às colunas do Monumento de Thrasyllos na Acrópole, visível a partir do terraço. Sobre esta base repousa um tampo de mármore Dionysos com veios negros. À sua volta, cadeiras Havana de Gessef para o fabricante italiano Consorzion Sedie Frueli, um design dos anos 1960 em cordame, que mistura inspiração antiga com estilo mid-century.

O mobiliário por medida é complementado por iluminação de designers italianos do período, assinada por Achille e Pier Giacomo Castiglioni. Uma lâmpada Brumbury de Guzzini repousa sobre um carrinho de servir grego do século XIX, enquanto uma lâmpada Sirio está colocada sobre uma mesa lateral Art Déco com inspiração oriental. Uma lâmpada TGV contemporânea de Ionna Vautrin, em alumínio, complementa a estante criada em mármore grego Cipollino.

Várias peças antigas — um carrinho de servir em madeira do século XIX, um espelho artesanal grego da mesma época, uma cadeira tradicional da ilha de Skyros, bem como potes do Peloponeso — acrescentam uma dimensão subtil de herança ao conjunto.

Na sala, uma lareira em pedra inspirada na arte greco-persa popular, esculpida à mão, foi instalada sobre uma base de travertino entre duas janelas com vista para a Acrópole. Por cima, azulejos cerâmicos brancos feitos à mão por Elena e pelo seu pai, Andreas Alexopoulos, evocam reconstruções de fragmentos arqueológicos.

De salientar que o apartamento é pontuado por obras de arte: duas esculturas em bronze de Costas Coulentianos (anos 1950), uma estátua de Robert Couturier — cujo trabalho está exposto no Musée Maillol — e uma peça de Vincent Batbedat. Nas paredes, litografias de Alekos Fassianos e Jean Souverbie pairam sobre o sofá. As duas grandes telas de linho foram criadas pelo pai de Elena, Andreas Alexopoulos, que frequentou os ateliers da Grande Chaumière, no bairro parisiense de Montparnasse. Também estão presentes referências à Antiguidade: um desenho a lápis do século XVIII representando as Três Graças, um acrotério em terracota inspirado na arquitetura antiga — um elemento comum nas casas neoclássicas — e uma escultura em mármore rosa de uma cabeça de touro, integrando-se subtilmente neste cenário dos anos 1950.

A cozinha foi desenhada no espírito das ilhas gregas: o seu mobiliário típico inspira-se no pavimento original em mármore rosa da ilha de Skyros. A cozinha branca ecoa a estética tradicional das ilhas gregas, com mobiliário simples inspirado no artesanato local — madeira e corda nas cadeiras; madeira e mármore na mesa — destacando o pavimento colorido. O parquet em carvalho colocado em espinha, o mármore negro da entrada (de Veroia) e os pavimentos em mármore rosa da cozinha provenientes de Skyros foram todos preservados.

No terraço, um banco monumental em mármore branco de Dionysos assenta sobre pernas em mármore verde de Tinos. Este mobiliário em pedra harmoniza-se com as cadeiras de exterior desenhadas por Ludovica + Roberto Palomba, integrando-se naturalmente neste espaço contemplativo com vista para a Acrópole.