Imersa na natureza e rodeada de planos de água, esta casa foi desenhada para promover um envelhecimento ativo. Os seus proprietários queriam um lugar para viver e criar juntos. Desejo que foi materializado por Wittman Estes.
Projeto: Wittman Estes / Fotografias: Andrew Pogue / segundo memória descritiva
Concebida para um casal que se reformou recentemente, esta casa situa-se junto a uma zona húmida, num terreno de quatro hectares que outrora serviu de santuário animal. Pensada como um refúgio sereno, imerso na natureza, oferece conforto e beleza ao longo de todas as estações — protegendo os seus habitantes durante os meses frios e chuvosos, e abrindo-se para o exterior durante a estação seca e quente.



Desenhada para um envelhecimento ativo e para acolher várias gerações, a casa desenvolve-se num só piso, eliminando escadas, enquanto suaves desníveis permitem que a estrutura se integre naturalmente no terreno inclinado. Portas largas, soleiras ao nível do chão e pavimentos em betão decapado asseguram uma circulação segura e antiderrapante.

Por dentro e por fora, os 230 metros quadrados da habitação refletem a vida partilhada do casal como criadores: a paixão dela pela jardinagem moldou a paisagem estratificada e rítmica, enquanto o fascínio dele pela água inspirou os espelhos de água. Painéis de madeira ripada, fabricados pelo próprio casal, filtram a luz na sala de estar e encerram a doca exterior, enquanto as suas peças de vidro soprado dão vida às prateleiras da zona de jantar. “Queriam que a casa fosse uma expressão de quem são”, explica Matt Wittman. “Agora podem viver e criar lado a lado — com graça e harmonia.”



Os materiais interiores equilibram arte e funcionalidade, privilegiando a sensação de calor natural e a durabilidade. Madeiras locais de abeto e cedro complementam as superfícies de terrazzo e betão, enquanto os tetos em tons de castanho-avermelhado e uma parede azul vibrante na cozinha introduzem uma nota lúdica. Os pavimentos de betão moldado no local, com aquecimento radiante embutido, prolongam-se até aos pátios e caminhos, criando uma ligação contínua entre interior e exterior. Acima, o telhado de metal ondulado, com um brilho metálico suave, reflete discretamente as variações de luz ao longo do dia.



Os ateliês dedicados à marcenaria, metal, arte em vidro e outras atividades criativas são parte integrante do projeto. Ligados à casa principal por percursos cobertos e jardins, estão posicionados de forma a minimizar o ruído e a desordem, ao mesmo tempo que definem um pátio central. O estúdio, com cerca de 135 metros quadrados, tem uma cobertura inclinada que se eleva para as janelas altas viradas a norte, captando uma luz difusa ideal para o trabalho artesanal.




Inspirado no implúvio da Roma antiga, o pátio recolhe a água da chuva canalizada a partir das coberturas envolventes para uma série de espelhos de água. “Quando chove, a água desliza pelas beiras do telhado e escorre suavemente para o jardim”, diz Wittman. “Em vez de contrariar o clima, quisemos expressá-lo — para que os proprietários possam relacionar-se com ele.”


Jardins, pátios, beirais profundos e o sistema de espelhos de água unem os edifícios e percursos num conjunto coerente, pensado para viver e criar. A paisagem reforça a ligação ao lugar através de uma sucessão de jardins radiantes que evoluem do cultivado ao selvagem — todos cuidados pelos próprios proprietários. O percurso de entrada começa com um jardim acolhedor que se eleva desde a estrada, guiando os visitantes até ao coração da casa: o pátio central. Aqui, natureza e vida quotidiana encontram-se com naturalidade.