A iluminação desempenha um papel fundamental no design de interiores. Partilhamos as principais tendências e inspirações, assim como as dicas de quatro especialistas em como usá-la com eficácia.
Da funcionalidade à atmosfera, a luz transforma qualquer espaço e cria diferentes estados de espírito. Nesta seleção, reunimos peças que traduzem as tendências atuais em iluminação, bem como inspirações que mostram como aplicá-las em diferentes contextos. Uma curadoria que alia estética e propósito, onde cada candeeiro é mais do que uma fonte de luz: é um elemento de carácter e expressão no ambiente.


1. Cygnet, série de instalações luminosas esculturais que evocam a delicada e leve geometria do voo, memória de infância do designer Michael Anastassiades, que assina a nova coleção de iluminação, lançada na Milan Design Week 2025.
2. Andrea, a arandela de parede prossegue a narrativa da Tacchini sobre iluminação, combinando artesanato e materialidade numa peça decorativa e funcional. Aço com revestimento prateado PVD para um reflexo natural espelhado. Na QuartoSala.


3. Crystal Links, da Preciosa, referência checa em iluminação decorativa de cristal, apresentado em estreia mundial na Euroluce (Salão do Móvel de Milão, 2025).
4. Lustre Etoile, da Foscarini, pelo Dordoni Studio, volumes cilíndricos feitos em vidro soprado acetinado e Pyrex organizados em composições modernas. Na Paris:Sete.


5. Allumette, por Francesca Lanzavecchia para a Foscarini, assimétrico e escultural, o novo lustre brinca com a leveza e a presença, unindo a suavidade dos cabos têxteis à geometria rígida dos braços. Na Paris:Sete.
6. Axis, coleção que marca a estreia do Unform Studio no universo da iluminação com uma linha completa, de pendentes a luminárias de chão e arandelas, em aço inoxidável.

7. Lustre Coralia, da Venini, nas tonalidades Crystal e Moka, por Doriana e Massimiliano Fuksas, em vidro de Murano. Na QuartoSala.

8. Idalion Luminoso, na cor Moka, por Alessandro Mendini para a Venini, luminária de mesa em vidro de Murano. Na QuartoSala.


9. Clip, da Italamp, arandela com estrutura metálica em cor champanhe ou bronze brilhante. Difusor em vidro artístico nas cores ametista, cinza ou castanho.
10. Barovier&Toso, Midtown, tributo à grandeza expressiva do cristal veneziano, inspirado na arquitetura do início do século XX e no ‘skyline’ de Manhattan nas décadas de 1920 e 30.


11. Kando, da nova coleção lançada pela Bover para ambientes externos e internos, pensada para transformar qualquer espaço num ambiente acolhedor e cheio de vida. Na QuartoSala.
12. Frill, portátil, da Ferm Living, perfeita para o quarto das crianças. A base pesada oferece estabilidade e a cúpula moldada apresenta uma superfície canelada que adiciona profundidade e textura. Na Pura Cal.


13. Ambrosia, por Ciszak Dalmas para a Marset, versão de suspensão, estrutura tubular com linhas suaves que se fixa ao teto, permitindo que a luz desça e ilumine delicadamente qualquer espaço. Na Alfilux.
14. Luminárias de teto Offset, por Xuclà para a Vibia, com silhueta industrial geométrica. A coleção inclui cinco efeitos de luz graças ao controle de cor e temperatura, criando ambientes específicos. Na João Lopes Iluminação.


15. Luminária de suspensão em aço, coleção Anel, da a-emotional light, composta por dois cilindros em malha de aço que envolvem a fonte de luz e formam um conjunto de planos, linhas diagonais, texturas e formas concêntricas.
16. Race of Lights, por Davide Groppi, sistema de iluminação LED para trilhos. O trilho pode ser configurado conforme desejar, tornando-se a base para criar o seu próprio sistema de iluminação.


17. Phebe, da Draga & Aurel, a nova família de luminárias feitas à mão no ateliê do estúdio. As criações luminosas foram apresentadas durante a Milan Design Week (2025).
18. Nova versão da Bon Jour Unplugged, por Philippe Starck para a Flos, que celebra uma década da sua criação. Minimalista, elegante e mais inteligente graças à tecnologia Color Tune com três temperaturas de cor distintas. Na Poeira Design.


19. SuperWire, por Formafantasma para a Flos. Composta por um ou mais hexágonos de vidro unidos por um elemento em alumínio polido. A versão de chão é construída com dois módulos de 75 cm de altura, empilhados um sobre o outro, apoiados num tripé de aço. Na Servànt.
20. Delfi, da Linea Light Group, na versão de chão, disponível com fonte LED em 2700K ou 3000K. Inclui dimmer integrado ao painel da base. Na Jlux.

21. Cantabrina, da Italamp, luminária de suspensão em vidro, disponível nas versões azul oceano fosco, titânio acetinado ou latão acetinado. Possui difusores em vidro branco brilhante e componentes metálicos em preto fosco.


22. Shiro, por Antoni Arola para a Santa & Cole, luminária de exterior disponível em três tamanhos. Pode ser instalada de forma fixa ou autoportante. A versão mais pequena vem com bateria ou cabo. Na Empatias.
23. Gocce, da Italamp, luminária de suspensão com estrutura em polímero, disponível nos acabamentos vermelho-lava brilhante, cinza-meia-noite fosco ou branco brilhante. Difusor em vidro branco e esfera metálica decorativa no mesmo acabamento da estrutura.


24. Bang, da coleção de outdoor da Slamp, com design de Adriano Rachele. Tem dez braços pentagonais de comprimentos variados que se estendem a partir do centro, irradiando luz por meio de recortes no difusor. Na Cena d’Arte.
25. Criosfera, por Giulia Foscari para a Artemide, candeeiro de suspensão de vidro soprado, com gravações impressas, o que torna a sua espessura ondulada e irregular. Na Pura Cal.

26. Cathedral, da Tonelli Design, nova peça de iluminação monumental criada pelo Studio 14, inspirada na grandiosidade arquitetónica das catedrais. Na QuartoSala.


27. Can Wall Structure, do Studio davidpompa. O braço móvel e a cúpula cilíndrica inclinável feita de barro negro de Oaxaca direciona a luz com precisão, ideal para iluminar uma mesa de trabalho, área de jantar ou canto de leitura.
28. Frakki, a nova coleção de luminárias modulares assinada pelo arquiteto Michele De Lucchi para a Venini. Produzidas com a técnica de placa de vidro, disponíveis em duas variantes – uma mais estreita e outra mais larga –, as peças apresentam uma textura tridimensional em losango que refrata a luz, criando intensos jogos de reflexos. Na QuartoSala.

29. Sistema de suspensão Spline, por David Derksen para a Petite Friture, em dois modelos bicolores: castanho/laranja e bege/azul. Cada suspensão estende-se por mais de 4,5 metros. Modular, permite ajustar a curvatura, remover ou substituir a fita de LED para uma instalação personalizada. Na LX Design.


30. Gold Moon, da Catellani & Smith, agora está disponível numa versão de parede, composta por seis discos de superfície irregular — três com 25 cm de diâmetro e três com 30 cm — todos adornados com o característico revestimento em folha dourada. Na Smokesignals.
31. Pòta!, uma das novidades da Catellani & Smith, onde a luz é o ponto central em torno do qual se formam estruturas finas de latão, ao mesmo tempo volumosas e leves. Na Lenso.
A opinião de quem sabe
Pedro d’Orey, Managing General Partner da QuartoSala
Urbana: O consumidor está hoje mais consciente da importância da iluminação? Porquê?
Pedro d’Orey: A iluminação deixou de ser um mero detalhe técnico e passou a ocupar um lugar central na construção de ambientes com identidade e que nos dão a sensação de conforto. Hoje, o consumidor mais atento e informado está mais consciente do papel que a luz tem na forma como habitamos os espaços, como sentimos a casa e até como cuidamos da nossa saúde e produtividade. Mas há uma dimensão fundamental que não pode ser ignorada: a luz é o que revela a arquitetura. Um bom projeto, por mais bem concebido que esteja, só se concretiza verdadeiramente quando iluminado com intenção. A iluminação certa valoriza volumes, acentua texturas, respeita o ritmo dos espaços e amplia a sua fruição. É através dela que a arquitetura respira e se torna habitável, poética, envolvente. O que os nossos clientes nos dizem, é que a execução de um bom projeto de iluminação é sempre a parte que mais surpreende no resultado final de um projeto de interiores.
De que forma a iluminação pode influenciar a experiência do cliente dentro de uma loja?
Iluminar uma loja não é apenas uma questão de visibilidade, é criar atmosfera, sugerir emoções e estruturar a forma como o espaço é vivido. A luz é, na prática, a primeira interação de um cliente quando entra num espaço. E, bem usada, é uma poderosa ferramenta de comunicação e diferenciação. Na QuartoSala, onde o ambiente e a experiência do cliente são essenciais, aprendemos que a luz certa não serve apenas para mostrar o produto — serve para contar uma história, provocar um estado de espírito e envolver emocionalmente quem nos visita. A iluminação orienta percursos, dá escala ao espaço, e sobretudo valoriza o que há de melhor num projeto: o detalhe, o cuidado e o equilíbrio. E quando a loja é ela própria um bom projeto de arquitetura — como procuramos que sejam as nossas — a iluminação assume um papel ainda mais importante: é ela que revela as peças que estão em exposição e que transforma uma visita à loja num momento sensorial. O cliente pode nem saber exatamente porquê, mas sente-se bem, demora-se, e estabelece ligações sensoriais com a nossa loja. No fundo, uma loja bem iluminada não vende apenas objetos: vende uma experiência coerente com os valores da marca. E hoje, no luxo, isso é absolutamente essencial.
Miguel Palma, designer da Serip
Urbana: A Serip trabalha com vidro moldado, prensado ou reciclado? Pode explicar as diferenças e escolhas?
Miguel Palma: Trabalhamos principalmente com vidro de forma artesanal, através de um processo feito à mão e livre, onde cada peça nasce com identidade própria. Não há duas peças iguais, e isso é intencional. Cada criação celebra a individualidade, o contraste e a beleza encontrada na irregularidade. Neste processo manual, o vidro é trabalhado com liberdade, sem moldes rígidos a conter a sua forma. O resultado são peças únicas, com variações subtis que espelham a natureza, que nunca se repete. O controlo das dimensões é reduzido, mas é precisamente essa liberdade formal que confere carácter e autenticidade às peças. Paralelamente, também trabalhamos com vidro moldado e prensado quando a intenção criativa exige maior precisão, repetição e rigor. No processo de moldagem, o material é contido num molde que define a sua forma e dimensão. Posteriormente, uma estrutura metálica é aplicada sobre o vidro ainda quente, prensando e criando texturas e padrões detalhados, quase como um carimbo artístico. Este processo permite uma maior repetição e definição, sendo ideal para coleções que pedem consistência e precisão. A escolha entre um método mais livre ou mais controlado nasce sempre do conceito de cada coleção. Enquanto algumas coleções exigem liberdade formal e variações naturais, outras pedem mais uniformidade, precisão e detalhe técnico. Porém, independentemente do processo utilizado, todas elas carregam a essência da mãe natureza, a nossa musa inspiradora.
De que forma a marca equilibra forma e função numa luminária de vidro?
Para nós, tudo começa com a inspiração e a nossa é, sempre, a natureza. É ela que guia os primeiros traços, as primeiras ideias, as formas que emergem como se estivessem adormecidas à espera de ganhar vida. Só depois de concretizarmos o conceito e de moldarmos a estrutura com intenção e alma, é que nos dedicamos à parte técnica. A função nasce da forma, como uma consequência natural do processo criativo. Equilibramos forma e função através da emoção, do respeito pela matéria e da fidelidade à nossa musa: a natureza. É nela que encontramos harmonia entre o artístico e o funcional, entre a tradição e a inovação. As nossas peças refletem a arte da natureza tal como a vemos, viva, eterna e infinitamente inspiradora.
Ana Mafalda Nunes, arquiteta, Arqama
Urbana: Como usar a iluminação artificial da melhor forma nos espaços de dormir, de trabalho e de estar segundo o FengShui?
Ana Mafalda Nunes: A iluminação artificial é um dos pontos mais importantes a ter em consideração num espaço, uma vez que equilibra e ativa a energia. Cada espaço, tem funções e necessidades diferentes, daí o uso da iluminação assertiva ser essencial para determinar a sua boa funcionalidade do mesmo. O local de trabalho é uma energia Yang ativa, por isso é uma área que deve estimular o foco, a concentração e a produtividade. A iluminação natural deve ser valorizada ao máximo, no entanto, deve considerar o uso de luz branca neutra ou até fria, dado que é ideal para ter foco e atenção. Todo o espaço deve estar bem iluminado no teto, com focos estratégicos, de forma a gerar um ambiente uniforme e que evite sombras e reflexos nos ecrãs, bem como o uso de um candeeiro direto sobre a área de trabalho. A escolha deste candeeiro deve ser ajustável.No quarto, a energia é YIN, ou seja, mais lenta, associada ao descanso, relaxamento e reflexão, devendo ser considerada uma luz quente e difusa e que nos obriga a parar. Evite ter candeeiros visualmente pesados ou com focos excessivos de luz no teto. A utilização de candeeiros de mesa deve ter em conta o tipo de abajur — certifique-se que atenua o foco direto, mantendo sempre a luz ambiente. Uma sugestão? A utilização de um regulador de intensidade. Devem ainda ser evitadas luzes de equipamentos eletrónicos no quarto. A luz natural deve ser valorizada de dia e protegida por cortinas ou blackout na hora de dormir. A zona de estarapela a uma iluminação variável ou mista — ou seja, pode ser uma energia YIN, se o uso atribuído for relaxar e ver um filme, ou uma energia YANG, se o uso for um serão de convívio entre amigos. É favorável o uso de uma iluminação no teto, com focos direcionais ou de solução mista, por exemplo, suspensa, idealmente com dois ou mais conjuntos de ligação, para que possamos escolher a intensidade do ambiente ou até criar ambientes diferentes. Também deve ter várias opções de iluminação: candeeiros de pé e de mesa são sempre bem-vindos, assim como focos decorativos em quadros ou outros apontamentos. A escolha da temperatura da luz deve ser quente, uma vez que esta é uma zona que requer acolhimento e bem-estar.
Teresa Pinto Coelho, Lighting Designer, TPC Lighting Studio
Urbana: Quais são as principais tendências em light design para os interiores no futuro próximo?
Teresa Pinto Coelho: O mercado da iluminação está em constante desenvolvimento, mas a filosofia da iluminação tem-se vindo a centrar no utilizador. Penso que o futuro nos trará soluções de iluminação mais personalizadas. Será mais comum a casa onde a iluminação altera a sua cor de acordo com o nosso estado de espírito, onde a intensidade luminosa se ajusta ao nosso ritmo e à nossa atividade e onde a luz artificial se equilibra com a natural, de forma automática e respeitando o nosso ritmo circadiano.
A sustentabilidade e eficiência energética continuarão a ser um tema central e o mercado irá continuar a dar resposta, através da evolução dos equipamentos em LED Integrado (com melhorias na sua performance) e de materiais ecológicos.
A inteligência dos equipamentos e do seu controle será aprimorada e, pensamos que a AI terá um papel predominante. Algumas tendências já visíveis serão acentuadas, e no campo do design de produto, a evolução tende a ser para fontes de luz praticamente invisíveis através da utilização de micro leds. Em simultâneo, penso que surgirão fontes de luz mais sensoriais e interativas, assim como equipamentos totalmente customizados.
De que forma a iluminação pode influenciar a perceção de espaço em ambientes residenciais?
A iluminação está intrinsecamente ligada ao nosso bem-estar, humor e saúde. Ela pode estimular ou relaxar – através da temperatura de cor e da intensidade luminosa -, e a utilização de fontes de luz difusas ou diretas, podem dispersar ou direcionar a nossa atenção. A luz pode também moldar a nossa leitura do espaço e valorizar a estética das residências. Por último, as fontes de luz podem também ampliar ou reduzir um espaço, tornar o ambiente mais amplo ou mais intimista, aquecer ou arrefecer uma sala.
O que considera ao integrar iluminação a sistemas de automação residencial?
Os sistemas de automação residencial, ainda que cada vez mais frequentes, são sempre um ponto de discussão nos projetos. Para integrar a iluminação nestes sistemas é necessário definir protocolos de regulação e saber as zonas que pretendemos ter reguladas de intensidade luminosa. É importante discutir com o cliente quais os cenários que podem ser interessantes no seu dia a dia. Por exemplo, atualmente as zonas de estar estão muitas vezes em comunicação com as zonas de jantar, como tal, podemos ter cenário de jantar, cinema, festa, entre outros.