Por a 16 Outubro 2025

Projeto de interiores por Óscar Lucien Ono, o fundador do estúdio Maison Numéro 20, em Santa Engracia, Madrid. 

Projeto: Maison Numéro 20 / Fotografias: Manolo Yllera / Texto: Isabel Pilar de Figueiredo

Este apartamento situa-se no bairro tradicional de Almagro, zona central de Madrid, e foi um dos locais preferidos da alta sociedade da cidade entre o final do século XIX e o início do século XX. “É um lugar com um património arquitetónico muito rico, cheio de cafés e teatros, um verdadeiro prazer para viver”, conta Óscar Lucien Ono, do atelier Maison Numéro 20. O edifício é clássico, com uma fachada histórica, janelas de sacada em cada piso e tetos altos, imponentes. 

Em termos arquitetónicos, este é um edifício do século XIX completamente renovado pela equipa de Óscar. “Este restauro integral preservou os elementos originais, mas também nos permitiu integrar características de luxo, contemporâneas, como piscina, spa e ginásio.” O prédio tem cinco andares e destaca-se pela escadaria em mármore, ornamentos clássicos, varandins em ferro forjado, vitrais e uma janela de sacada que confere um toque parisiense à fachada. 

Sobre o projeto, Óscar revela: “Houve uma ligação imediata com os clientes. Não só ficaram apaixonados pelo trabalho do ateliê como nos deram carta branca para criar todo o universo do espaço”. Além disso, prossegue, “já tínhamos trabalhado na renovação do edifício para um promotor, por isso conhecíamos bem os volumes, a luz e o potencial arquitetónico. Foi uma oportunidade de continuar essa história num projeto feito à medida, mais íntimo.” 

Com 250 metros quadrados, o apartamento está localizado no terceiro piso. À entrada, há uma grande galeria que conduz, para a esquerda, aos quartos, ao escritório e às casas de banho. À direita, desenrola-se uma sequência de espaços: duas salas de estar, a sala de jantar e, finalmente, a cozinha aberta, ligada por grandes arcos. “O espaço não é totalmente ‘open plan’, mas as divisões comunicam de forma fluida, com tanto de privacidade como de convivialidade.” O apartamento funciona como um ‘pied-à-terre’, uma segunda casa onde os proprietários passam vários meses por ano. 

Quanto à paleta de cores, vingam os tons base de bege e marfim, complementados por verdes, azuis e rosas. “Estas cores trazem suavidade, elegância e um toque fresco, respeitando a alma espanhola que queríamos refletir.” 

Nos materiais, a escolha recaiu sobre materiais nobres e autênticos, que valorizam o caráter único do espaço: madeira nos pavimentos, estofados de seda, porcelana de Manises, veludos, damascos, couros e ‘shagreen’. Também foram usados vários papéis de parede pintados à mão, de marcas como Schumacher, de Gournay e Rubelli. “Incorporámos marqueteria e peças vintage, para acrescentar riqueza e personalidade, sempre respeitando o estilo clássico e a identidade local do projeto.” 

A inspiração principal veio do rico património arquitetónico e cultural de Madrid, assim como do desejo de criar um “palácio espanhol” autêntico e acolhedor. “Inspirámo-nos também nos elementos naturais e decorativos favoritos dos clientes, como flores, pássaros e ornamentos, que orientaram as escolhas de cores e padrões.” 

A cozinha foi desenhada como um verdadeiro pátio andaluz, “um espaço luminoso e aberto, com arcos que trazem convivialidade ao coração do apartamento.” No final, o que se pretendeu criar foi uma atmosfera sofisticada e muito pessoal, que refletisse a alma dos clientes. “Um pequeno palácio onde cada elemento, vintage ou desenhado à medida, conta uma história.”