Por a 13 Setembro 2025

A mostra que inaugura hoje, 13 de setembro, ficará patente até 8 de novembro.

A Galeria Nuno Centeno, no Porto, inaugura hoje, dia 13 de setembro, uma exposição coletiva que junta o trabalho de Carolina Pimenta, Alain Urrutia e Bosco Sodi. A mostra ficará patente até ao dia 8 de novembro.

Carolina Pimenta apresenta trabalhos da série In Good Company, que nasceu de uma longa viagem pelo México. Nas palavras de Carolina, “este trabalho é o resultado de um envolvimento poroso e emocional com as suas cidades e pessoas, o seu caos e rituais, o seu ritmo e ternura. Um ensaio visual sobre intimidade, movimento e o que significa estar em boa companhia”. Luz Massot, curadora da mostra, escreve: “a prática de Carolina Pimenta desenvolve-se numa tensão constante e fértil: de um lado, uma exploração íntima da identidade; do outro, uma ousada imersão em novos territórios e na complexidade da interação social. Na sua terceira exposição na Nuno Centeno, estas duas correntes convergem num corpo de trabalho nascido da sua experiência no México. A obra não procura documentar um país, mas antes coreografar uma série de encontros onde as fronteiras entre o eu, o outro e o ambiente se dissolvem numa energia instintiva e vibrante”.

Massot descreve ainda que, In Good Company “é uma viagem através do olhar de Carolina Pimenta: um olhar que encontra beleza na imperfeição, poesia no urbano e humanidade profunda em cada fragmento de pele. O seu trabalho não pretende ser um retrato documental, mas antes uma máquina de memória, um ensaio visual, uma coreografia de ligação que procura captar o pulso de um México selvagem, surreal, terno e duro; um lugar que não se dobra, mas resiste, adapta-se e floresce. É neste choque entre alegria e dor, sobrevivência e desejo, que a artista procura imobilizar a essência de um país que a transformou”.

Carolina Pimenta vive e trabalha entre a Cidade do México e Lisboa. A sua prática abrange fotografia e performance, enraizada numa observação perspicaz dos rituais diários, momentos transitórios e cultura contemporânea. Através de narrativas visuais cativantes, o seu olhar demora-se no que muitas vezes passa despercebido, concentrando-se nas margens subtis dos acontecimentos que se desenrolam. 

Alain Urrutia, artista espanhol nascido em Bilbao apresenta The Sky Was Below (Fiquei dentro, para ver o céu), com curadoria de Carolina-Laia Puigdevall. Segundo o texto da curadora “Urrutia sugere procurar o céu em tudo o que nos rodeia no nosso dia a dia. Compreender os símbolos que nos levam até ele. Voltar o nosso olhar para dentro e trazer para fora tudo o que queremos ver lá fora. Qualquer coisa que nos faça lembrar do céu pode ser o céu. Basta uma imagem na memória, uma impressão ou uma lembrança para alcançá-lo. Em The Sky Was Below, todas as imagens transportam-nos para aquele momento específico em que o nosso olhar deixa de ser mecânico e se torna consciente”. Nesta exposição, concebida e pintada especificamente para este espaço, “cada uma das pinturas funciona como uma janela para o mundo exterior”, pode ler-se no mesmo texto.  

O artista espanhol, explica como tudo começou: “Estas pinturas NOX são uma série que comecei em 2021, após receber a notícia do falecimento de um amigo e artista, Julião Sarmento”. Na altura, Urrutia estava a trabalhar em paisagens de pequeno formato, que decidiu cobrir com cores que tinha na sua paleta e que no dia seguinte lhe fizeram lembrar o céu. “Acrescentei estrelas”. E a partir daí continuou a fazer o mesmo com outras pinturas que chegavam ao estúdio depois de estarem numa exposição.

O mexicano Bosco Sodi apresenta Yo vi la luz, um trabalho que está enraizado no diálogo entre material, processo e lugar. No texto que fala sobre as obras expostas, Bosco explica que foram criadas em Folegandros, uma pequena ilha das Cíclades, onde ele e a sua esposa, a designer de interiores Lucía Corredor, construíram um refúgio.

As oito obras apresentadas em Yo vi la luz exemplificam um compromisso para com a simplicidade e a localidade, refletindo os métodos do estúdio de Sodi, nos quais o ambiente nunca é incidental, influenciando, ainda, o resultado final do trabalho. Instaladas entre a arquitetura da galeria, as pinturas enfatizam a sua dupla identidade como objetos de presença material e registros de processos naturais. Nelas estão também representadas a sua paixão pela pesca submarina. Em Yo vi la luz, explica o artista, “as pinturas trazem a assinatura de Folegrandos, tanto quanto a do artista”.