Por a 18 Agosto 2025

Combinando perfeitamente espaço interior e exterior, esta casa complementa a notável coleção de arte moderna conceptual dos proprietários e um estilo de vida centrado no entretenimento, nas atividades familiares e nas criativas. Localizada numa falésia, revela-se à medida que se desce a encosta. O projeto é assinado pelo escritório Hacker e fotografado por Jeremy Bittermann.

Projeto: Hacker Architects / Fotografias: Jeremy Bittermann / Texto: Ana Rita Sevilha

Esta casa de família localizada na paisagem do alto deserto do Oregon central, nos Estados Unidos da América, estende-se por horizontes longos e pontuados por formações vulcânicas. A residência, a que deram o nome de Tetherow Overlook House, traduz o encontro entre uma arquitetura escultórica, um design de interiores sofisticado e a força da paisagem natural. Ela é ainda a montra para a coleção de arte dos seus proprietários.

Concebida para uma família com paixão pela arte contemporânea, a residência foi pensada para acolher tanto a vida quotidiana como momentos de convívio e criatividade. A casa abre-se à envolvência com gestos arquitetónicos precisos: grandes superfícies envidraçadas enquadram o céu mutável e as colinas distantes, enquanto volumes monolíticos revestidos a madeira rústica evocam os troncos marcados pelo tempo e as pedras vulcânicas que dominam o território.

Implantada num promontório, a casa desdobra-se em plataformas que acompanham a topografia suave da encosta, criando diferentes níveis que se revelam de forma quase cenográfica. Entre paredes facetadas e volumes de madeira — que ora acolhem quartos, ora espaços de refeições ou estúdio — surgem pátios e passagens que diluem as fronteiras entre interior e exterior, permitindo que a luz, o vento e as tonalidades do deserto se fundam com a vida doméstica ao longo de todo o ano.

O design de interiores acompanha este espírito de fusão. Pavimentos, tetos e planos de parede prolongam-se para o exterior, reforçando a continuidade visual. A simplicidade formal dos espaços abre caminho para a materialidade: madeiras quentes, aço patinado e acabamentos texturados criam uma atmosfera serena e sofisticada, ao mesmo tempo acolhedora. A decoração equilibra a força das peças arquitetónicas com a presença da coleção de arte moderna dos proprietários, transformando cada ambiente num espaço de contemplação e vivência.

A organização interior reflete estaprocura por fluidez e intimidade. No piso principal, a sala de estar, o lounge multimédia e a cozinha sucedem-se em patamares distintos mas ligados, criando uma narrativa espacial dinâmica. A sala de jantar, suspensa num volume envidraçado, torna-se palco privilegiado para apreciar a paisagem. No piso superior, a suite principal e os quartos de hóspedes convivem com uma galeria aberta e uma área de trabalho, espaços que reforçam o diálogo entre vida privada e criatividade.

No exterior, o desenho arquitetónico transforma volumes em esculturas habitáveis. As fachadas revestidas a madeira, com textura contínua sobre paredes e vãos, remetem para a erosão natural das rochas vulcânicas vizinhas, conferindo à casa uma presença sólida e poética.