Pode dizer-se deste apartamento que é quase uma escultura habitável, onde cada ambiente segue o mesmo fio condutor estético, mas carrega uma personalidade própria. Uma prova de que o essencial pode ser profundamente sofisticado. O projeto é assinado por Nildo José e as fotografias são de Denilson Machado.
Projeto: Nildo José / Fotografias: Denilson Machado / Texto: Ana Rita Sevilha
Assinado por Nildo José em colaboração com Virginia Lopes, Danielle Groszmann, Lais Almeida e Thais Pureza, este apartamento de 266,79 m² localizado em São Paulo, traduz um encontro entre sofisticação minimalista e identidade brasileira.
O imóvel foi concebido para uma família — um casal com seis filhos —, que vive fora da cidade e que desejava ter uma casa em São Paulo para receber amigos e familiares num espaço funcional, acolhedor e elegante. O pedido dos clientes era claro: ambientes limpos, integrados e com uma linguagem estética uniforme, evitando excessos e dando prioridade a uma certa sensação de leveza.
O projeto de remodelação transformou radicalmente a planta original. A antiga varanda com pé-direito duplo foi incorporada na zona social, criando uma área ampla e contínua. A cozinha, antes isolada, passou a estar ligada à sala de jantar através de painéis de madeira com portas do tipo camarão, que permitem alternar entre integração total ou privacidade.
A escada original foi substituída por uma em formato helicoidal e escultural, moldada in loco em betão armado, fazendo uma referência ao brutalismo de Paulo Mendes da Rocha. Mais do que funcional, acabou por se tornar protagonista, conferindo identidade ao projeto.
A paleta de acabamentos deu prioridade à continuidade visual: pavimento em cimento queimado na cor linho em quase todos os ambientes, mármore travertino Navona nas casas de banho, marcenaria em lâmina natural de freijó e detalhes em palhinha.
O projeto também celebra o Brasil, não apenas na escolha das madeiras, mas também na curadoria de peças assinadas por nomes do design como a poltrona Alta de Oscar Niemeyer (ETEL), a cadeira Cantú de Sérgio Rodrigues (Dpot), a mesa Amorfa de Arthur Casas (MiCasa) e a mesa Pétalas de Jorge Zalszupin (ETEL).
Entre os destaques internacionais, surgem luminárias da Flos (como a icónica Gatto de Achille Castiglioni e a Tab Lamp de Edward Barber & Jay Osgerby), além da escultural Masai, de Davide Groppi.
A distribuição dos espaços atende às necessidades da grande família: um quarto de hóspedes, uma suíte com beliches para os filhos mais velhos e outra projetada para acolher as duas meninas pequenas. O desafio foi conciliar funcionalidade e estética minimalista, criando quartos que conversam com o conceito do projeto sem abdicar do conforto.
Uma nota para a zona social, marcada pelo sofá Santoro (Arquivo Contemporâneo), pela mesa de centro em travertino Navona desenhada pelo próprio escritório NJ+ e por peças de forte valor artístico, como o banco de madeira de Mônica Cintra e o tapete persa Kirman vintage. Na suíte principal, a elegância ganha corpo com a cama Dobra (Wentz Design), a mesa Secreta de Claudia Moreira Salles (ETEL) e a icónica poltrona Paulistano de Paulo Mendes da Rocha (Futton Company).