O ateliê Giovanni Mecozzi Architetti desenhou uma nova residência que equilibra património e vida contemporânea no seio nobre da histórica Casa Guaccimanni, em Ravena.
Projeto e texto: Giovanni Mecozzi Architetti / Fotografias: Andrea Sestito | Omar Sartor
A intervenção baseia-se em elementos autoportantes, totalmente reversíveis, que não alteram os elementos históricos existentes. As divisões foram redefinidas por volumes de mobiliário que integram várias funções. Cores intensas evocam os mosaicos bizantinos da cidade, reforçando a ligação entre o lugar e a sua história.




O acesso faz-se por um corredor central que atravessa o edifício, ligando a varanda da fachada principal à loggia voltada para o jardim. Ao longo deste eixo, organizam-se cinco espaços: uma cozinha comum, uma varanda exterior e três suítes, cada uma com zonas distintas — quarto, casa de banho, área de leitura, sauna, ou espaço de bem-estar.







Batizado Gironda, o projeto insere-se num novo conceito residencial, cruzando memória e uso contemporâneo com uma abordagem precisa e contida. O projeto de Giovanni Mecozzi Architetti assenta em volumes autoportantes, leves e totalmente reversíveis, sem ligações estruturais ao chão, teto ou paredes. Estes elementos definem os espaços com precisão, respeitando a decoração original e a distribuição da luz.











As novas estruturas nunca tocam as antigas — “aproximam-se sem se tocar”, explica o arquiteto — gerando uma tensão subtil entre passado e presente. Volumes monocromáticos e formas primárias evocam uma abstração neoplástica, mas mantêm-se funcionais. As três suítes e a cozinha estabelecem um diálogo direto com a arquitetura original. Cada espaço é introduzido por uma cor — dourado, azul ou verde — visível nas portas que abrem para o corredor. As tonalidades antecipam o caráter de cada ambiente, conferindo unidade à diversidade de experiências.






O mobiliário, assinado pelo Atelier Biagetti (Alberto Biagetti e Laura Baldassarri), acrescenta um tom pop e teatral, reforçando a identidade visual de cada divisão. A intervenção recorre a cores inspiradas nos mosaicos paleocristãos e bizantinos de Ravena — dourado, azul, verde e vermelho — combinadas com pastilhas de vidro brilhantes e folhas douradas. O resultado é um projecto que sobrepõe passado e presente, onde cada detalhe traduz uma leitura contemporânea da memória do lugar.