Lugar onde tradição e modernidade se encontram, a Casa Ortiz respeita a história, acolhe o presente e abre-se para o futuro. O projeto é da autoria do escritório Meireles + Pavan Arquitetura e as fotografias de Fran Parente.
Projeto: Meireles + Pavan Arquitetura / Fotografia: Fran Parente / Texto: Ana Rita Sevilha
Por entre as copas generosas de um bairro de São Paulo, nas imediações do Parque Ibirapuera, ergue-se a Casa Ortiz — uma residência de 560 metros quadrados concebido para uma família que sonhava com ambientes amplos, integrados e banhados de luz natural. Para transformar essa visão em realidade, os proprietários confiaram o projeto ao escritório Meireles + Pavan Arquitetura.


Localizada na charmosa Vila Nova Conceição, a residência celebra a história do edifício original ao manter a sua essência e proporções, enquanto introduz elementos contemporâneos de forma sutil e equilibrada. Nada de demolições radicais: aqui, a palavra de ordem foi preservar e reinterpretar, honrando a memória arquitetónica e reduzindo o impacto ambiental.


Sustentabilidade e relação com a natureza foram premissas desde o início. Envolvidos em causas ambientais e de bem-estar animal, os moradores queriam uma casa que dialogasse com o seu estilo de vida. Árvores pré-existentes foram mantidas, novas espécies tropicais ganharam espaço, e o paisagismo foi pensado como extensão natural da arquitetura — criando um verdadeiro oásis urbano.

Dois volumes organizam a casa: à frente, o bloco principal, com dois andares; ao fundo, um anexo de apoio. Entre eles, um pátio central promove ventilação cruzada e oferece uma visão privilegiada do verde. No anexo ficam o escritório, a área de serviços e, no piso superior, uma suíte para hóspedes — discreta e confortável.


O volume principal, revestido com tijolos pintados de branco, transmite leveza e intemporalidade. A madeira aquece a composição, seja na porta de entrada, nas janelas ou no deck junto à área de lazer. Ao entrar, a escada central surge como peça escultural, guiando o olhar para cima. No rés do chão, a luz natural é a protagonista: grandes caixilhos e claraboias estratégicas inundam os ambientes com luminosidade suave.


A área social é fluida e integrada: cozinha, sala de jantar e espaço gourmet alinham-se no mesmo eixo, promovendo a convivência. A cozinha, ponto de encontro da família, foi desenhada em dois tempos — uma zona social, com bancada para refeições, e outra técnica, dedicada ao preparo. Um banco sob a janela convida a ficar, enquanto o teto, com extremidades curvas, reforça a sensação de continuidade e suavidade.

Na sala de estar, a luz torna-se poesia. Aberturas circulares no teto criam um efeito etéreo, e a lareira de chão divide o protagonismo com uma estante suspensa em réguas de madeira. O mobiliário revela uma curadoria apurada, com peças de Jorge Zalszupin, Jean Gillon, Ini Archibong e Kateryna Sokolova.




No piso superior ficam os quartos, todos com janelas altas que trazem para dentro a vista das copas das árvores. Marcenarias feitas à medida, venezianas de madeira e vidros acústicos garantem conforto e privacidade. A cobertura foi convertida num rooftop dedicado ao lazer, acessível por uma escada sinuosa que mais parece uma escultura.