Saiba mais sobre esta parceria criativa, pelas palavras de Pierre Renart.
Texto: Isabel Pilar Figueiredo
Em entrevista à Urbana, Pierre Renard fala sobre a a parceria com a Longchamp e o que representa esta colaboração.
O projeto com a Longchamp marca uma fusão entusiasmante entre artesanato e luxo. Como abordou a combinação das suas técnicas características de marcenaria com a herança da Longchamp no trabalho em pele?
Pierre Renart: Este projecto permitiu-me realmente juntar dois materiais pelos quais sou apaixonado – a madeira, que sempre esteve no centro da minha prática, e a pele, que há muito queria explorar de forma mais profunda. O desafio foi integrar a pele sem comprometer o movimento e a fluidez que definem as minhas peças. Isso foi algo que discuti logo desde o início com a Sophie Delafontaine, Diretora Criativa da Longchamp – garantir que, mesmo com a adição da pele, as peças mantivessem essa leveza, essa sensação de um gesto único e ininterrupto. Tecnicamente, tratou-se de encontrar uma pele que acompanhasse as curvas do design sem resistência. A pele de vaca extremamente maleável da Longchamp revelou-se a combinação perfeita. A partir daí, tornou-se um diálogo – entre materiais, entre saberes-fazer e entre os nossos mundos respectivos – para criar algo harmonioso e inesperado.


Esta colaboração representa um diálogo entre a moda e o design de mobiliário. Que desafios e descobertas criativas encontrou ao trabalhar com materiais tão distintos?
A pele e a madeira são ambos materiais nobres e vivos, mas comportam-se de formas muito diferentes. A madeira, especialmente quando curvada por laminação, exige precisão e antecipação – cada movimento é planeado. A pele, por outro lado, oferece uma flexibilidade e textura diferentes. O principal desafio foi encontrar o equilíbrio: como revestir uma forma de madeira dinâmica e curvilínea sem interromper a linha, sem criar tensão ou peso visual. Isto exigiu muita experimentação – testar como a pele respondia às curvas da madeira, o jogo visual entre os dois materiais, e como aplicar da melhor forma o saber-fazer da Longchamp para obter um resultado o mais fluido possível. A colaboração próxima com a Sophie e a equipa da Longchamp foi inestimável. O seu profundo conhecimento da pele – o acabamento, o grão, a maleabilidade – trouxe um nível de requinte que permitiu que a pele complementasse a madeira de forma belíssima, valorizando-a em vez de competir com ela.


A Longchamp é reconhecida pela sua elegância intemporal e pelo artesanato de alta qualidade. Como antevê que esta nova linha de mobiliário reflicta os valores icónicos da marca, ao mesmo tempo que introduz um toque contemporâneo através dos seus designs?
O meu objectivo foi criar peças que transmitissem simultaneamente uma sensação de enraizamento e de modernidade – tal como a Longchamp. A elegância das silhuetas, a atenção ao detalhe, a harmonia dos materiais: tudo isso remete directamente para o ADN da marca. Ao mesmo tempo, estas são peças que desafiam ideias tradicionais sobre o que a madeira – e até o mobiliário – podem ser. Têm movimento, energia, e uma certa presença escultórica que lhes confere um carácter contemporâneo. A utilização das cores emblemáticas da Longchamp, por exemplo – os verdes de herança, os tons ricos de pele que reflectem a colecção de carteiras da Primavera – liga o trabalho à marca de forma intencional. Mas é nas formas em si, quase como caligrafia, que a minha linguagem se expressa. Penso que é neste equilíbrio – entre tradição e inovação, entre rigor e espontaneidade – que a colaboração ganha verdadeiramente vida.