Planos em balanço, linhas modernistas e espaços generosos e cheios de luz distinguem esta nova casa em Monterey, na Califórnia, desenhada para abraçar o cenário natural e emoldurar a excepcional coleção de arte dos proprietários. O projeto é de Richard Beard Architects + Jean Larette e as fotografias de Adam Potts.
Arquitetura: Richard Beard Architects / Design de Interiores: Jean Larette / Fotografias: Adam Potts
Assinada por Richard Beard Architects e Jean Larette, esta moradia na costa da Califórnia funde arquitectura modernista, natureza e arte num gesto elegante e contemporâneo.

Plataformas em balanço, linhas modernistas e volumes generosos animados pela luz definem a identidade desta casa recém-construída a poucos passos do campo de golfe de Pebble Beach, em Monterey. Concebida para um casal apaixonado por golfe e por colecionar arte, a habitação nasce da vontade de aliar arquitectura escultural, integração paisagística e um interior pensado como extensão natural da envolvente.

O atelier Richard Beard Architects respondeu ao desafio com uma estrutura em forma de “H”, onde dois volumes principais — a ala de hóspedes e a zona privada do casal — se articulam através de um átrio envidraçado de pé-direito duplo. Este núcleo central, envolvido em vidro e madeira de tons quentes, acolhe a entrada e dá protagonismo à escada flutuante, elemento arquitectónico marcante que antecipa o diálogo entre solidez e leveza que atravessa todo o projecto.


No exterior, os materiais escolhidos — estuque, pedra regional e aço negro — fundem-se com a paleta natural da paisagem, marcada por carvalhos centenários e vistas sobre a serra de Santa Lucia. Nas traseiras, o alçado principal prolonga-se criando uma ampla sala exterior pensada para receber — mobilada com peças da Giati, mesa de centro personalizada, mesa lateral da Dedon e uma cadeira de baloiço da Kettal, que reforçam o espírito de sofisticação descontraída.

No interior, o design de Jean Larette estabelece uma linguagem calma e orgânica, em harmonia com a arquitectura. A paleta de verdes e neutros, inspirada no cenário envolvente, ganha profundidade através de materiais naturais, texturas subtis e uma cuidada seleção de peças contemporâneas e vintage.



Na sala de estar, o sofá seccional da Dmitriy & Co convida à contemplação. A mesa de centro, estofada em pele da Holly Hunt, soma-se ao conjunto de cadeirões giratórios “Wysiwyg” de Vladimir Kagan, revestidos com o tecido Uyuni da Jiun Ho. Um tapete personalizado de Jean Larette completa a composição, enquanto a obra do artista britânico Julian Lethbridge, sobre a lareira, afirma a presença da arte como parte integrante da experiência doméstica.

A sala de jantar articula-se com o mesmo rigor: mesa e cadeiras da Agrippa, sob um candeeiro escultórico em vidro fundido da Hersh Design, repousam sobre outro tapete desenhado por Jean Larette. A parede que separa a sala da cozinha foi concebida para acolher uma obra da artista Clare Rojas, num gesto de continuidade curatorial que percorre toda a casa.

O percurso até à suíte principal — localizada no piso superior — atravessa espaços amplos e luminosos, pontuados por obras de arte e cuidadosamente desenhados para equilibrar vazio e presença, como se de uma galeria habitada se tratasse. Na zona da escada, destacam-se o mural em cerâmica da artista Claudia Wieser e a escultura aérea em aço e vidro de Tomás Saraceno.






O resultado é uma residência com um forte carácter escultórico, ao mesmo tempo essencial e acolhedora, onde o gesto arquitectónico serve o conforto e onde a curadoria estética — entre peças de autor e materiais naturais — revela uma vivência sofisticada e profundamente conectada com o lugar.