Marta Mantero assina uma intervenção delicada e pessoal nesta casa familiar com alma portuguesa e ritmo contemporâneo.
Projeto: Marta Mantero / Fotografia: José Manuel Ferrão / Produção: Amparo Santa-Clara / Texto: Isabel Pilar de Figueiredo
Este projeto nasceu sem grandes formalidades, quase como uma extensão natural de uma relação de confiança. A casa já estava parcialmente construída e habitada quando, em 2022, Marta Mantero, a fundadora da loja Rice, foi convidada a repensar os interiores da nova ala e rever alguns espaços da primeira fase.




“Não se tratou bem de um projeto no sentido convencional”, explica Marta. “A cliente já vivia na casa, mas com a expansão, pediu-me para ajudar a decorar a nova parte e dar coerência ao todo. Já conhecia o seu filho, o Ricardo Urien, cujo trabalho fotográfico é representado na Rice, e foi com naturalidade que aceitei o desafio.”



A partir daí, o trabalho fluiu como uma conversa contínua entre arquitetura, arte e vivência. O projeto ganhou vida com a integração de várias obras de Ricardo, conferindo à casa uma assinatura emocional e estética. As suas imagens — sempre delicadas, silenciosas, carregadas de atmosfera — criam momentos de pausa e contemplação em cada divisão. “Quisemos que o trabalho do Ricardo estivesse presente em várias zonas da casa, quase como uma galeria íntima, onde as imagens dialogam com os espaços e as memórias da família.”


Com um olhar cinematográfico e uma estética marcada pela luz natural, Ricardo Urien constrói narrativas visuais que documentam e nos conduzem por muito lugares e realidades. As suas séries — que podem ser vistas em ricardourien.com — têm sido cada vez mais procuradas por colecionadores e apaixonados por fotografia contemporânea, e encontram na Rice uma plataforma de curadoria e divulgação.






A casa serve diferentes propósitos: é vivida todo o ano por Ricardo e a sua família, mas também foi pensada para acolher amigos no verão, altura em que a mãe — a proprietária — costuma regressar e abrir as portas com generosidade. “Ela adora receber”, conta Marta. “Queria um espaço confortável, onde a família se reunisse com facilidade, mas também funcional, para que pudesse ser arrendada quando necessário.”




A intervenção centrou-se nos interiores, já que o mobiliário de exterior tinha sido adquirido anteriormente. A linha orientadora foi simples: criar ambientes descontraídos, mas com um toque de sofisticação. “Utilizámos muitos materiais naturais e sofás em linho — tudo muito confortável, com uma elegância discreta. A casa não grita, acolhe.” O resultado é um equilíbrio entre estética e utilidade, com uma leveza contemporânea que espelha bem o olhar de Marta Mantero: atento, sensível e sempre próximo das pessoas e das suas histórias — e agora também, naturalmente, das imagens que habitam os seus espaços.
Get the Look
Inspirados por esta casa, sugerimos um conjunto de elementos onde a harmonia cromática guia o olhar e as texturas de linho acrescentam leveza e sofisticação.

1. Sofá modular Develius Mellow da &Tradition, da coleção assinada por Edward van Vliet. Na Paris:Sete .

2. Secretária Daystak, em madeira certificada FSC®, com módulo de gavetas, da &Tradition. Na QuartoSala.


3. Line Up Jute, tapete de algodão, da Rug Vista, 160 x 230 cm.
4. Jack, cadeira de teca para jardim, por Jacques Deneef para a Ethnicraft. Na Alaire.


5. Cato de esparto, 100% feito à mão, na Casa Matias.
6. Mesa de centro redonda Benno em madeira, da Westwing.


7. Decoração de parede em fibra de algas marinhas, na Belani.
8. Fotografia de Ricardo Urien, na Rice.


9. Decoração de parede Onaga, Ø69 cm, da La Redoute Intérieurs.
10. Peça decorativa de parede Aneka, da Sklum.


11. Azulejo artesanal vidrado à mão, Caribbean Green, na Loja do Azulejo.
12. Almofada para exterior Nomad Stripes, da Ethnicraft. Na Hangar Store.