Por a 8 Julho 2025

Ao equilibrar restauro e reinterpretação este projeto de reabilitação dá uma nova vida a um canto esquecido do património construído de Mérida, proporcionando uma experiência habitacional serena e contemporânea, enraizada no lugar.

Projeto: Veinte Diezz Arquitectos / Fotografias: Manolo R. Solís / segundo memória descritiva

Vistalcielo é o nome desta casa de 155 m² situada no centro histórico de Mérida, no México, que resultou de um projeto de remodelação assinado pelo estúdio Veinte Diezz Arquitectos.

Concebido como um alojamento de férias, o projeto reinterpreta uma casa há muito abandonada através de uma sucessão de pátios ao ar livre e módulos fechados. A nova disposição privilegia a luz natural, a ventilação e a materialidade, preservando o máximo possível da estrutura original.

Ocupando um lote urbano estreito, com 5 por 31 metros, a casa existente encontrava-se em estado de abandono estrutural, com telhados degradados e vegetação densa. Em vez de demolir a casa, os arquitetos propuseram uma estratégia diferente: conservar as paredes de alvenaria históricas, introduzir luz através de pátios e claraboias e organizar a habitação em seis volumes distintos—três cobertos e três ao ar livre. Esta disposição gera transparência visual, ventilação cruzada e uma experiência contínua entre interior e exterior.

Desde a rua, desenrola-se uma sequência de espaços: jardim de entrada, núcleo social (cozinha e sala de estar), pátio central, suíte para hóspedes, jardim posterior com piscina e uma suíte principal no fundo do terreno. O pátio central torna-se o coração da casa, organizando a circulação e funcionando como um elemento passivo de arrefecimento. Paredes curvas, pátios e ligações ao ar livre garantem que todas as áreas sejam naturalmente iluminadas e ventiladas, oferecendo atmosferas em constante mudança ao longo do dia.

Uma paleta contida de materiais e texturas locais define a intervenção. Os acabamentos principais incluem reboco de cal em tons naturais e betão impresso à mão nas zonas húmidas. A alvenaria original foi estabilizada e reutilizada sempre que possível. As novas lajes de cobertura foram deixadas à vista, revelando as vigas como referência aos tradicionais rollizos de madeira. Cada volume de casa de banho inclui uma claraboia que enquadra uma vista direta para o céu.

As grades das janelas em aço foram pintadas no tom original da casa—um suave azul-céu—enquanto as áreas pavimentadas combinam pedra regional com uma paisagem minimalista para evocar calma e continuidade.

Cerca de 70% da estrutura original foi mantida, reduzindo significativamente os resíduos de demolição e o impacto da construção. As estratégias passivas do projeto — ventilação natural, sombreamento e uso de materiais de baixo consumo energético — contribuem para uma abordagem sustentável, tanto do ponto de vista ambiental como cultural.

“Em vez de criar uma casa nova, quisemos recuperar a que já lá estava, revelando o seu potencial através do ritmo dos pátios, das curvas e da luz,” afirma o arquiteto José Luis Irizzont Manzanero.