Situada numa região serrana, esta casa está inserida num terreno de 9000 m2 e é cercada por uma vegetação exuberante. Os 600 m2 de área construída convidam à liberdade e à profunda comunhão com a natureza.
Adaptação: Isabel Pilar de Figueiredo / Fotografias: Rómulo Fialdini
O casal alugara uma casa no mesmo condomínio, durante o período da pandemia, e ambos ficaram “encantados e apaixonados pela experiência de viver em conjunto a paz e a tranquilidade daquele lugar”. Resolveram, então, procurar algo maior que pudessem transformar de acordo com as suas necessidades e sonhos e que esse lugar fosse o seu retiro privado junto à natureza. “Com a vida acelerada que eu levo, entre o Rio de Janeiro e São Paulo, encontro aqui, na serra, o meu oásis particular e Marcelo, o meu marido, a paz ideal para criar”, conta-nos Paola, a sua proprietária.





A casa carecia de bastantes cuidados, “era antiga e precisava de passar por profundas reformas estruturais já que estava fechada há muito tempo e, logo, deteriorada”. Foi assim levado a cabo um projeto de remodelação e de ampliação, com total modificação do layout, aumento do número de quartos de hóspedes e a criação “de vários cantos novos, sempre com o conforto e o aconchego em mente, bem como as áreas de relaxamento e contemplação”.


Mesmo trabalhando com projetos de remodelação há tantos anos para a realização dos sonhos dos seus clientes, fazer a própria casa é sempre um desafio diante das infinitas possibilidades de caminhos e escolhas. “Por se tratar de uma construção antiga, surgem surpresas no caminho, que foram sendo resolvidas e revistas com soluções que criaram novas possibilidades”. Marcelo, com mais de 20 anos no mundo das artes plásticas, encontrou ali a oportunidade de ter um grande ateliê — que ocupou a casa de hóspedes —, com espaço suficiente para pintar e abrigar o seu acervo e reserva técnica. “Procurámos preservar a nossa privacidade fazendo do andar superior a nossa área particular com um generoso quarto, casas de banho e closets individuais, além de um terraço”, prossegue. Com estas alterações e nova organização, agora também os hóspedes têm garantida a sua privacidade e liberdade.




A entrada da casa não estava bem definida e fazia-se através da garagem, “o que me incomodava bastante, além de que ficava numa área que, para mim, tinha a vista mais bonita do terreno”. A solução passou por criar no espaço da antiga garagem de pedras um jardim de inverno e mudar o fluxo dos carros, deixando, na frente da casa, um grande relvado e jardim e criando uma entrada definida com um hall de chegada, que a proprietária adora. “Perto da piscina, fizemos uma área gourmet onde passamos o tempo nos dias mais quentes. Aqui, a decoração mistura pedra, madeira, fibras naturais e ainda há espaço para um lavabo social forrado de eucalipto”.








O jardim de inverno, por seu turno, é um dos espaços mais usado na casa. O imenso pergolado com longas toras de madeira maciça original, junto ao forro em lambril do telhado, criou um espaço que, mesmo com um pé direito alto, assegura uma atmosfera agradável e aconchegante. Também ali estão as plantas de sombra que caem sobre as paredes de pedra. A integração da antiga adega, que ficava isolada, com o interior da casa foi mais uma decisão fundamental para o resultado. Esta adega recebeu uma mesa onde o casal prepara refeições de fondue para receber os amigos no inverno, além de servir para guardar os vinhos e mantém o “charme de uma verdadeira cave”.




As áreas sociais receberam portas de caixilho de ferro preto deixando a luz entrar. O deque de acesso a um dos quartos de hóspede é hoje um espaço lounge exterior sob um belo chorão, quase centenário. “Acendemos a lareira nos dias frios ou aproveitamos a sombra das árvores”. A lareira, e à semelhança de muitas outras peças e elementos da casa, foi comprada num leilão de antiguidades, em harmonia com o acervo pessoal do casal e acrescenta personalidade à casa.



“Adoramos cozinhar e ficar à volta do fogão ou na sala de almoços, a preparar algo especial, por isso a cozinha era um ponto importante do projeto”, diz a proprietária. “Aumentámos e prolongámos essa área até à fachada principal da casa, onde fica a sala de almoços, com vista para a piscina e o jardim”. A sala de jantar, de inspiração inglesa, tem uma grande mesa de madeira maciça, feita por um marceneiro de Minas Gerais, e as cadeiras, na sua maioria, foram compradas, uma a uma, em leilão. São diferentes entre si, mas harmoniosas no conjunto. “Também ali fizemos a nossa biblioteca, pintámos a antiga estante verde, que agora, a par com a antiga lareira, reforça esse clima mais inglês”.

O piso da sala foi todo revestido com tábuas largas e grandes de madeira de demolição. Por seu turno, no hall de entrada, o piso, assim como o do jardim de inverno, é de mosaico hidráulico preto e branco. No espaço de estar e no jardim de inverno, assim como em toda a casa, destaca-se a coleção de quadros adquiridos ao longo dos anos, nomeadamente as obras de Beatriz Milhazes, Eduardo Sued, Wesley Duke Lee, Rubem Valentin, Tapies, Barsoti, Jorge Guinle, e, claro, as obras do marido Marcelo. O acervo de objetos do casal também não passa despercebido, desde lembranças herdadas de família a objetos adquiridos em viagens ao longo dos anos.




Na adega, a coleção de vinhos de Marcelo organiza-se pelo país de origem. No andar superior, ao qual também se tem acesso por elevador, o destaque vai para o quarto amplo, com lareira e as boiseries. A varanda tem uma vista ampla e bonita para o exterior verde. Equipado com closet e WC’s separados, reflete bem as personalidades diferentes dos donos: Marcelo, que prefere o estilo mais inglês, com a presença de verdes escuros, e Paola, que adotou um estilo mais feminino. Da mesma forma, toda a decoração da casa conta a história de vida do casal, com vários objetos reaproveitados e reciclados e a mistura de estilos que aponta um espírito livre.