Por a 16 Outubro 2024

Na margem sul do Tejo, esta casa de linhas equilibradas destaca-se da sua envolvente. Desenhada de forma elegante, mas contida nos custos, tem ainda a particularidade de poder crescer, sem ultrapassar os limites de construção. Um projeto assinado pelo Estúdio Amatam e fotografado por Garcês.

Arquitetura e Interiores: Estúdio Amatam / Fotografia: Garcês / segundo memória descritiva

Localizada em Almada, na margem sul do Tejo, esta casa nasceu da transformação de constrangimentos e limitações em soluções. Pelos menos, contam os arquitetos do Estúdio Amatam, que assina o projeto de arquitetura e design de interiores, foi com esta mentalidade que abraçaram o desafio.

“Tendo em conta as premissas que nos transmitiram – ao nível do programa e linguagem espacial, assim como a orientação do terreno e as limitações de área – o conceito que adoptámos tira partido da modulação de um bloco compacto, no qual se estabelece um jogo de cheios e vazios, tanto no interior como no exterior, do qual se pretende tirar o máximo proveito das relações entre esses dois domínios“, pode ler-se na memória descritiva do projeto. 

Como resultado desta abordagem, aparentemente temos a ilusão de estarmos perante uma construção maciça e convencional, mas à medida que percorremos os espaços interiores, essa ideia desvanece rapidamente e somos transportados para ambientes de enorme riqueza espacial, no qual a orientação solar foi preponderante.

A nível de organização e distribuição dos espaços, a localização da entrada foi determinante para minimizar espaços de circulação interna. Foi a partir deste núcleo central que ocorreu toda a distribuição e hierarquização das divisões. Do lado esquerdo temos os espaços de apoio, nomeadamente a instalação sanitária, o escritório e a lavandaria. Do lado direito temos a cozinha/sala numa leitura de open-space, cuja delimitação entre os espaços é realizada através do pé direito duplo na zona de estar complementada com uma entrada de luz zenital. 

O projeto procurou também transpor a vivência interior para o exterior através da criação de um alpendre a toda a largura da fachada tardoz, com uma zona de churrasqueira e de permanência exterior em relação directa com o logradouro.

Acedendo ao piso superior, zona privada da casa onde se distribuem 2 quartos e 1 suite, possuímos uma visão privilegiada sobre a sala devido ao pé direito duplo. 

Igualmente relevante é a possibilidade desta moradia se expandir, com a criação de mais um quarto, respondendo à aspiração do aumento do agregado familiar, sem necessidade de ultrapassar os limites actuais da construção. Esta adaptabilidade foi uma parte fundamental do conceito de projeto, demonstrando que os edifícios podem ser criados para permitir a expansão de acordo com as necessidades dos moradores, sem alterar o volume exterior que se encontra devidamente adequado ao contexto urbano onde se insere.

Em termos materiais, foram usadas plaquetas cerâmicas esmaltadas de branco ao nível do piso 1 com apontamento de ripado de madeira termo-modificada na zona de entrada (adicionando um elemento de destaque e conforto visual), e argamassa acrílica decorativa de cor branco no piso 2, criando a percepção que temos um volume pousado sobre um embasamento robusto.

No final o resultado traduz-se num edifício de linhas puras e equilibradas, onde se procurou uma solução elegante e contida nos custos.  Uma moradia distinta do que se encontra nas redondezas, devido à clareza das formas e materiais, e que se irá destacar de forma positiva devido à sua forte personalidade.

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