A primeira exposição a solo de Nathan Kunigami está no Tivoli Avenida até 30 de setembro. Se ainda não viu, não perca os últimos dias.
Texto: Isabel Figueiredo
No âmbito do calendário artístico do hotel para 2024, um palco privilegiado para dar voz e visibilidade a vários artistas por via de exposições de Arte Contemporânea, “A Mata Não Pede Passagem”, de Nathan Kunigami, integra o conceito “Tivoli Art Collection – Make Room for the Masterpieces” e enche o lobby do icónico hotel da mais esplendorosa natureza.
Inspirado pela imagem de uma flor que brota de uma fenda no asfalto, o artista floral Nathan Kunigami encontrou o seu ponto de partida para desenvolver as duas peças ‘site specific’ presentes na mostra. A primeira pretende despertar o interesse e estranheza de quem a vê antes mesmo de entrar no hotel — uma escultura botânica amórfica que invade um espaço que não lhe pertence, mas que já foi seu. Intitulada “Davina”, é uma homenagem à avó de Kunigami, uma apaixonada por botânica; a segunda, composta por um conjunto de três esculturas flutuantes, que se elevam, propõe uma reflexão sobre a nossa relação com a natureza.
Filho de mãe brasileira e pai japonês, Nathan Kunigami começou a criar arranjos florais depois de estudar Ikebana — a arte milenar japonesa de arranjos florais — com uma artista em Tóquio, em 2017. Apesar de um início tardio do seu trabalho com flores, esta temática foi, para Kunigami, desde sempre, relevante e próxima. Nascido e criado no Rio de Janeiro, uma cidade onde a natureza brota vigorosa e abundante, e criado por uma linhagem de mulheres que tinham por hábito colorir a casa e a varanda com flores frescas (das quais cuidavam – e conversavam – com carinho redobrado), as formas do natural e do orgânico são uma inspiração constante e natural.
Assim como na Ikebana, a composição apresenta três elementos: “Shin” (Céu), “Soe” (Terra) e “Tai” (Humanidade). O objetivo desta composição, assim como uma Ikebana, é o de encontrar a harmonia entre os três.