Esta casa de campo é o refúgio do arquiteto e designer de interiores Manuel Arez, cofundador do ateliê Conceitos de Arte, e do advogado Nuno Perfeito.
Fotografia: António Moutinho / Produção: Amparo Santa-Clara / segundo memória descritiva
No exterior, o verde oliva das paredes funde a casa térrea com a serra e a natureza envolvente. No interior, o estilo eclético e intemporal, inconfundível, está bem refletido nesta casa de família, onde os pormenores fazem a diferença. A casa, propriedade da família de Nuno, já existia, e após algumas obras e uma redecoração integral, está hoje pronta para os seus proprietários receberem os amigos!
“Esta casa junta peças das nossas famílias, às quais vamos adicionando outras, que adquirimos em conjunto, em lojas, leilões ou viagens”, diz-nos Nuno. Em cada espaço, somos surpreendidos por um conjunto cromático e estilístico diferente, mas tudo em perfeito equilíbrio e harmonia. “Cada peça tem uma história e uma memória associada, conjugando-se, na decoração, peças clássicas com outras contemporâneas de diferentes estilos e origens. É isso que torna os espaços desta casa tão especiais e dinâmicos”, acrescenta Manuel.
Na entrada, espaço de distribuição das principais áreas sociais da casa, destacam-se a lareira e a mesa central redonda, de estilo inglês, com uma composição de potes de diferentes desenhos e tamanhos em porcelana azul e branca, “ou não fosse esta casa projetada para receber”!
As paredes e boiseries pintadas de steel blue dialogam com os tons encarnados dos cortinados e da tela abstrata que domina o espaço, num jogo de contrastes que resulta numa composição irreverente, mas intemporal.
Na zona de estar, sofás e bergeres organizam-se em torno de uma ampla mesa central em metal polido e mármore Thassos, desenhada por Manuel Arez, onde se distribuem numerosos livros e peças de viagens. Nas paredes, gravuras antigas contrastam com a tela “Viagem pelos mangais”, do artista português David Arranhado.
Na zona se jantar, em biblioteca, uma coleção de terrinas expostas individualmente em caixas de cor mostarda destacam-se por entre os muitos livros. A mesa de jantar, de pé central e em madeira, rodeada de cadeiras estofadas em amarelo-imperial, aguarda os convidados.
“Queríamos a mesa de jantar redonda por ser a forma que mais facilita o convívio entre todos numa refeição”, contam-nos os proprietários. Ao fundo, encontramos mais uma composição inusitada entre uma credência clássica e um quadro da escola de Glasgow, “Portrait with a Moustache”, do artista Nicolas Party.
Na cozinha, o ambiente é francamente acolhedor, com armários pintados na cor calke green, papel de parede com motivos de frutos e candeeiros de mesa sobre as bancadas de mármore de Estremoz. A instalação sanitária social, com um lambrim em boiserie pintado no mesmo tom da entrada, é completada com um papel de parede da Colefax and Fowler, na Pedroso&Osório e um espelho em madeira pintada e dourada. Num nicho, destaca-se na composição um macaco da cerâmica Bordallo Pinheiro.
Na piscina interior as boiseries dominam o espaço. Neste espaço, sobressaem os tons ferrugem e os verdes, num ambiente calmo, onde não falta uma lareira para aquecer aqueles dias mais frios da serra.
A ligação entre a zona social da casa e os quartos é feita por um pequeno hall. Aqui, entre várias obras de arte contemporânea, destaca-se a tela sobre a cómoda de madeira pintada, da artista Paula Paes Leme, intitulada “Odete uma vida“, que retrata a cadela dos proprietários.
No quarto principal, o espaço é dominado pelo papel de parede da Thibaut em azul e verde, com motivos asiáticos, e pela cama de formas simples, estofada em linho azul. Por cima da cómoda portuguesa, num esquema de desequilíbrio inusitado, destaca-se o vaso de porcelana azul e branco e a fotografia da artista Evelyn Kahn “Retrato de uma Floresta”.
No primeiro quarto de convidados, a cama de madeira natural é enquadrada por gravuras antigas e uns originais candeeiros de latão em formato de palmeira com duplo abatjour. No segundo quarto de convidados, um divertido papel de parede num clássico toile de jouy em rosa velho, contrasta com as camas pintadas na cor teal. No centro, destaque para uma tela de Paula Paes Leme.
A casa de banho é simples, com as suas paredes pintadas num bonito taupe, mas a poltrona estofada, as estantes e muitos pormenores conferem ao espaço um ambiente muito confortável e acolhedor.
Esta casa de campo, confortável e com um ambiente intemporal e tranquilo, reflete bem a intenção dos seus proprietários: a de criarem um refúgio para repousar, gerar memórias e receberem os seus amigos.