Por a 18 Setembro 2024

Chama-se Casa Chimera e foi escolhida para combinar momentos de descontração com outros de entretenimento. A casa original, datada dos anos 90 e concebida pelo arquiteto Oreste Martelli Castaldi, foi remodelada num projeto que juntou Daniele Marcotulli e Adriana Suriano.

Projeto: Daniele Marcotulli Architect + Adriana Suriano (Marantico) / Fotografia: Eller Studio / segundo memória descritiva

Comecemos pelo existente. Uma casa datada dos anos 90, concebida pelo arquiteto Oreste Martelli Castaldi, e um exemplo brilhante de arquitetura orgânica, definida pela concepção de espaços sem fronteiras, grandes janelas e utilização de materiais que desenham um segundo panorama artificial.

Escolhida por um jovem empresário como um “buen retiro”, o mesmo desejava tornar a residência num lugar que combinasse descontração e entretenimento, momentos íntimos e ocasiões de convívio. O desejo expresso pelo proprietário era então o de reorganizar as divisões, fazendo da cozinha o coração da casa e criando uma sala de cinema, uma área dedicada ao relaxamento e novos quartos de hóspedes.

O projeto de Marcotulli estabeleceu assim uma continuidade entre o novo e o existente, entre o rés do chão e a cave, entre o interior e o exterior, através de uma nova espacialidade e da utilização de materiais que jogam com o contraste entre rugosidade/brilho, abstração/recolha da paisagem.

“O resultado a que chegámos são espaços quase metafísicos, alternando revestimentos de madeira com superfícies espelhadas, ilusões de ótica, jogos de luz e ambientes amplificados”, explica o arquiteto.

A continuidade com o estilo existente nos pisos superiores e a forte relação com o exterior orientaram as escolhas de materiais e cromáticas do projeto: a madeira que reveste o teto é uma reverberação do soalho de tábuas do rés do chão, com um aspeto rugoso e áspero – quase inacabado – que contrasta com o requinte dos espelhos que caracterizam grande parte das paredes.
Para o pavimento, por outro lado, foi escolhida uma superfície contínua de cimento-resina em tons quentes de areia, em continuidade com a terracota existente.

Os ambientes dos quartos estão em consonância com as zonas comuns: madeira, resina e espelhos delineiam um cenário jogado em combinações que valorizam o espaço mais do que o decoram. Assim como nas casas de banho, onde o brilho dos azulejos portugueses complementa o grão mais áspero dos lavatórios em mármore Trani Biancone.

Na sala de cinema, no entanto, tudo muda: escondida atrás de painéis de correr espelhados que bloqueiam a vista e a isolam das outras divisões, foi concebida para oferecer uma experiência de tempos idos, com alcatifa no chão e painéis de parede revestidos a veludo azul-marinho. Uma sensação de suavidade e envolvência, com acabamentos em aço cromado e marcada pela presença de madeira no teto que a coloca em relação com os outros espaços.

“Para a ilha da cozinha no rés do chão, optámos por uma abordagem menos mimética: a sua presença cénica é realçada pelo acabamento que recorda a pedra basáltica, sendo que a única presença de pedra na casa é a que caracteriza a zona da lareira”, conclui Marcotulli

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