Inserido num edifício dos anos 80, este apartamento de dois pisos foi alvo de uma profunda remodelação que, alterou por completo a configuração original. Casa de uma arquiteta que foi também autora do projeto, a decoração funde épocas e estilos numa procura de ambientes autênticos e pessoais.
Projeto: Estúdio Olo / Fotografia: MCA Estudio / segundo memória descritiva
Foi no 18° andar de um edifício dos anos 80 que o destino colocou frente a frente, literalmente, os futuros moradores com o imóvel de 140m2 inabitado há já alguns anos.
Inquilinos do apartamento da frente, ela, arquiteta e sócia do Estúdio Olo, olhava com curiosidade para a porta com que dividia o hall. Quando chegou o momento de procurar casa própria, o apartamento vizinho começou a ser uma opção pelo conforto da quase nula transição espacial. A decisão foi ainda motivada pelo seu olhar profissional, que viu ali uma “casca“ onde muito se podia trabalhar. Contudo, seria preciso demolir para mudar a configuração interior – que originalmente era composta por área social, cozinha e lavandaria no piso zero e, através de uma escada em caracol na sala, se fazia o acesso ao piso superior, onde existia uma grande suíte com closet e uma boa varanda.
O novo layout
A área livre, extremamente ensolarada e com uma agradável comunicação e vista para a cidade norteou o novo layout, que teve como principal alteração a elevação da zona social, passando o piso zero a compreender a área privada da casa, com dois quartos, uma sala/home office e lavandaria.
Apesar da alteração da configuração original, o maior desafio estrutural foi a criação de um hall de entrada, na antiga cozinha, e a alteração da circulação vertical para uma escada comum único lance.
Ao nível da decoração, a estética escolhida visita o estilo industrial mas também o vintage, e apresenta uma mescla de elementos escolhidos pelo casal.
A tela da artista Rayana Rayo com sementes que germinam, dá as boas-vindas. O piso de entrada tem uma base neutra e natural com betão aparente e pavimento em madeira, recebendo cores e texturas através do mobiliário e criando assim uma composição mais energética.
Na suite, compacta e funcional, as superfícies surpreendem com padrões, como os florais no teto que se contrapõem ao xadrez da cabeceira. Feito por medida, o quartzito Patagónia energiza o ambiente em forma de mesa de cabeceira e no lavabo, o granito verde Guatemala é o protagonista.
Para não sobrecarregar a estrutura, a escada foi repensada em chapa metálica dobrada, alinhando a estética à funcionalidade, e pintada num tom prata. Além de ser um elemento visual, também contempla uma função de arrumação com portas de giro na base.
No piso superior, tijolos de vidro translúcidos dividem o espaço da circulação vertical. Uma peça horizontal em Travertino Romano atravessa o ambiente e dispõe-se a diversos usos, do sentar ao bar.
Neste piso, a estética é mais silenciosa. Nota para a mesa de jantar Redig, de Sérgio Rodrigues, que já foi comprada com o tampo em vidro não original, mas que se encaixou de maneira mais delicada no projeto. O estofado das cadeiras Fledermaus de Josef Hoffman, foram também um achado num antiquário do bairro.
O quartzito Maragogi cobre as superfícies da cozinha, e apresenta-se de forma escultural no balanço da ilha. A marcenaria e os equipamentos foram dispostos de uma forma organizada, sem deixar de convidar ao uso.
Na outra casa de banho, encontramos um ambiente monocromático, onde apesar de pequena se fundem épocas também. Aqui, o destaque vai para a cuba contemporânea e o espelho vintage.