Por a 12 Março 2024

No alto do Estoril, avistando o oceano, o verde e algum do casario daquela zona balnear, conhecida pelas suas ruas com árvores frondosas e a tranquilidade que ali ainda é possível gozar — mas também pela sua centralidade, proximidade com Lisboa e a dois passos de Cascais —, esta casa de família celebra o bom gosto e a arte de viver.

Arquitetura: Atelier Nunes da Silva / Interiores: Pureza Magalhães / Texto: Isabel Figueiredo / Produção: Amparo Santa-Clara / Fotografia: José Manuel Ferrão

Com uma área habitável generosa, implantada num lote de quase 500m2, esta moradia recebeu os seus novos habitantes no outono de 2021, depois de feitas algumas obras por forma a melhorar a sua funcionalidade e a tirar partido do verde.

O projeto de arquitetura, assinado pelo coletivo português Nunes da Silva, fundado pelo arquiteto António Nunes da Silva e sediado no Estoril, está em linha com as construções modernas daquela área nobre, sem se desviar, contudo, da importância história e cultural da região, relacionando-se com a envolvente sem confronto. Os interiores, por seu turno, são da responsabilidade de Pureza Magalhães, outro nome importante do panorama da decoração de interiores em Portugal, que para aqui imaginou um ambiente, acima de tudo, elegante e confortável, assente numa escolha cromática suave e acolhedora.

De entre as alterações feitas ao projeto original, contam-se o escritório, uma adição ao piso 0, que ocupa hoje o espaço de um quarto, e a criação de um pátio inglês e de um novo quarto com casa-de-banho, destinado para o piso -1. Neste mesmo nível, foi ainda criada a lavandaria.

No piso superior, foram abertas clarabóias nos espaços de banho destinados às filhas e mudado o lugar que a casa-de-banho da suíte principal ocupava, por forma a que hoje usufrua de luz natural e de alguma vista. No que toca aos revestimentos, foi aumentada a área pavimentada no exterior, em frente à sala, prolongando a sensação de união dos dois espaços: sala e jardim.

No que respeita aos interiores, os acabamentos e revestimentos foram igualmente alvo de algumas mudanças, importantes para que o diálogo com as peças de mobiliário, de design e acessórios, além das luminárias, fosse estreito e consensual. Assim, a casa viu a cor das suas paredes, rodapés e portas ser alterada — o pavimento e armários da cozinha, e de uma das casas-de-banho, também recebeu um novo tom e o papel de parede é uma opção vista em vários espaços da moradia, nomeadamente numa das casas de banho, requintadamente revestida de tons de ouro e preto.

O mobiliário foi, na sua maioria, adquirido e mandado fazer especificamente para esta casa. Incluem-se aqui, por exemplo, a estante do escritório, o armário da sala de jantar e parte de escritório do quarto. Os móveis antigos e quadros já estavam na posse da família e, graças à sensibilidade de Pureza Magalhães, enquadram-se nos seus novos ambientes com toda a elegância. Sofás, sala de jantar, camas e cortinados, mas também iluminação, entre outros, foram selecionados para enfatizar esta narrativa, a de uma casa suave e, ao mesmo tempo, marcante.

Aqui, todos os espaços são fruídos com tranquilidade e tempo. A luz natural que invade os interiores e a relação com o verde acentua a boa relação da família com a sua casa. “Gostamos de todos os espaços, sendo que na Primavera e Verão aproveitamos muito as áreas exteriores e no Inverno vivemos mais intensamente o escritório onde, durante o dia, eu trabalho com vista para o jardim e, à noite, nos juntamos depois do jantar”, diz-nos a proprietária, que acrescenta: “Adoramos poder visualizar não só as zonas verdes a partir de todos as divisões da casa, mas também o mar, avistado de muitas delas, especialmente a partir do jardim e do terraço do nosso quarto. Para o pátio interior, que está no centro do piso 0, escolhi dois Áceres, um tipo de árvore delicada que nos transmite tranquilidade e que nos permite observar a passagem das estações onde quer que estejamos”.

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