No ano em que comemora 30 anos de vida, a Maison&Objet levou os visitantes, durante a edição de janeiro, numa viagem a um futuro reencantado, onde tecnologia e natureza existem em harmonia.
A convite da Maison&Objet, rumámos a Paris em janeiro último, para uma viagem de inspiração centrada numa biofilia futurista. Sob o tema TECH EDEN, o evento celebrou 30 anos de vida e explorou na feira, nos showrooms da cidade e no mercado M.O.M., um conceito que une tecnologia e natureza e que prevê um futuro em harmonia entre ambos.
O tema foi concebido em colaboração com a agência de estratégia criativa Peclers Paris, que o vê como uma oportunidade para “destacar a profunda evolução da relação entre ciência e natureza e projetá-la num futuro sustentável e desejável”.
Através de experiências imersivas, TECH EDEN convidou os profissionais a repensar a conceção e a organização do espaço, enriquecidas pela inovação tecnológica e por abordagens estéticas e ambientais inovadoras. Isto porque, nesta narrativa da nova geração, o desejo já não é recuperar o espaço, mas sim um paraíso original e o regresso a uma existência selvagem exaltada pelo progresso científico.
À medida que as crises e tensões sociais reforçam a nossa necessidade de nos sentirmos à vontade nas nossas próprias casas, as tecnologias de ponta estão a responder com novos serviços inspirados na natureza e a oferecer uma versão sofisticada da mesma. É o caso de Once Upon a Dream, um quarto cápsula concebido por Mathieu Lehanneur – Designer of the Year 2024 da Maison&Objet – para a reabertura do Hôtel de Marc. Para favorecer um sono mais reparador, o princípio deste quarto ideal baseou-se na gestão artificial e programável dos ciclos naturais dia/noite.
Os avanços da tecnologia digital, os smartphones e os tablets com cada vez mais funções, os processos de impressão 3D, o crescimento exponencial da IA (Inteligência Artificial) e os numerosos objetos conectados e cada vez mais intuitivos, apoiam também o design de serviços e a mobilidade, reforçando esta procura de bem-estar.
Nas palavras de Jean-Louis Frechin, diretor e fundador da NoDesign.net, bem como autor, professor na École Camondo em Paris e especialista em design digital e inovação: “Estamos a iniciar uma fusão entre o nosso ambiente natural e a tecnologia. Esta nova época natural, o Antropoceno, sofre de desequilíbrios provocados pelo abuso da tecnologia e pela utilização imprudente dos recursos do planeta, algo que deve ser reajustado. É através da física, dos fenómenos científicos e das tecnologias adequadas que os criadores poderão desenvolver soluções sustentáveis e equilibradas. Na era da Inteligência Artificial, em que muitos objectos podem ser concebidos e produzidos automaticamente, a única questão é saber como queremos habitar este mundo…”
Num mundo hiperconectado, digitalizado e físico, onde a realidade e a ficção se encontram, as visitas virtuais e os óculos de realidade aumentada 3D andam de mãos dadas com a aromaterapia e a terapia da luz, estimulando os cinco sentidos humanos nos espaços do futuro. Os consumidores de amanhã, procuram experiências mais qualitativas, mas com um grande potencial de desenvolvimento e uma dimensão decididamente eco-responsável.
Neste contexto, e após um período pandémico e um confinamento, a casa, os comportamentos e as práticas estão a ser transformados pelo trabalho remoto, pela tecnologia e pelo comércio eletrónico. A forte tendência emergente nos interiores continua: a residência privada é vista como um refúgio, um casulo calmante com um design amigável e modular; a sala de estar torna-se um escritório, a casa de banho é também um SPA.
Com base neste novo paradigma, Elisabeth Leriche – especialista em tendências e diretora artística -, criou um espaço para a feira – “What’s New? In Decor” -, onde traduziu em padrões, têxteis, instalações e decoração esta nova realidade para a qual todos caminhamos. Um assunto que abordaremos num próximo texto.