Colorida nos detalhes, fluida no programa e com uma essência que respira o lifestyle carioca. Na nova casa de Ana Neri, tudo parece ter encontrado o lugar certo para proporcionar uma vida leve e despretensiosa.
Projeto: Ana Neri / Fotografia: Sambacine
Localizado na zona sul do Rio de Janeiro, o apartamento de 115m2, que foi projetado pela arquiteta Ana Neri para si e para a sua família – marido e dois filhos com 6 e 2 anos -, tem na sua essência o lifestyle carioca.
Segundo nos conta a arquiteta, quando se deu início ao projeto, Ana não esperava encontrar um pilar tão largo na parede ao fundo da área social. “Desvendar estruturas no início da demolição e trazê-las como fonte de textura e cromatismo para o projeto é sempre um laboratório que me fascina”, diz.
A partir desta descoberta, a arquiteta decidiu descascar e incorporar no ambiente da sala de jantar tanto o pilar de betão como os tijolos da alvenaria da mesma parede. Já a parede ao lado foi pintada de azul (inclusive a porta de entrada do apartamento) e passou a “acolher um banquinho de madeira (que serve de apoio para tirar os sapatos) e um móvel antigo encontrado numa velharia (que serve de apoio à mesa de jantar). “Inseridas de forma pontual, peças encontradas trazem equilíbrio, história e uma excelente dinâmica na composição final”, avalia.
Como a sala de estar é o coração dos encontros no apartamento, o ambiente ganhou um sofá largo, muito confortável, ideal para acomodar, ao mesmo tempo, os quatro elementos da família. Já o banco em cimento que se estende por toda a parede da televisão, foi moldado in loco na obra, servindo de aparador ou mesmo banco – neste caso tornando a conversa possível entre diferentes ângulos.
“Ter um apartamento cuja planta nos permitisse integrar a cozinha à sala foi uma premissa na procura do nosso novo lar”, revela a arquiteta, que procurava, através desta relação espacial, mais claridade e ventilação em ambos os espaços. Após a abertura de um vão generoso, Ana desenhou uma estrutura vertical, executada em serralheria branca com vidro, que incorporou outras funcionalidades, para além de divisória com prateleiras superiores.
No lado voltado para dentro da cozinha, por exemplo, esta estrutura abriga, na parte inferior, uma adega, gavetões baixos e nichos que organizam os pequenos eletrodomésticos. Já o lado voltado para a sala, conta com uma bancada (que serve de apoio às refeições rápidas da família) e uma porta de correr, que permite vedar o acesso à cozinha – recurso importante quando se tem crianças pequenas em casa.
O corredor que leva á zona íntima da casa também passou por modificações significativas: a parede do primeiro quarto foi demolida para receber um armário dupla-face que de um lado serve como louceiro e do outro lado como armário para roupa. Para além disso, o forro em gesso, que era muito baixo, foi removido para aumentar o pé-direito e deixar a laje em betão á vista.
No quarto do casal, o painel da cabeceira – foi o ponto de partida para a escolha das cores e das texturas – as mesinhas de cabeceira são em madeira de carvalho americano e as portas do closet receberam palhinha natural e laca, num tom de off white clarinho.
Já a parede sob a janela recebeu, em toda a sua extensão, uma marcenaria de múltiplas funções: de um lado fica a bancada de trabalho e, do outro, gavetas para guardar itens de escritório e duas portas de correr que escondem uma sapateira.
No quarto da filha Olívia, Ana Neri adotou uma base neutra e clara e as cores entraram de forma pontual e nos detalhes de marcenaria. “Os quartos de criança já são naturalmente coloridos, por isso, a ideia foi trazer um pano de fundo claro na parede, deixando para os brinquedos e a marcenaria de apoio a função de colorir, na dose certa”, refere. Já móvel baixo, alinhado com a cozinha de madeira, foi desenhado pela arquiteta para ser solto, permitindo, assim, mudar de posição conforme as novas fases da menina.
Por fim, no quarto do filho António, a poltrona Costela já fazia parte do acervo da família e foi reestofada em tecido de riscas, deixando-a mais leve e despojada. A cómoda, que um dia já foi de sua irmã, também foi reaproveitada e pintada de amarelo, num tom vibrante.
Já o armário, projetado sob medida para o espaço, conta com portas de correr e gavetões para os brinquedos na base. “Entre achados, heranças e novidades, o quarto do António tem uma misturinha que adoramos usar em projetos infantis”, finaliza a arquiteta Ana Neri.