Por a 29 Junho 2023

Karla Lamounier, especialista em decoração floral, ajuda-nos a importar um pouco da natureza verde para dentro de casa com explicações úteis, que guardamos com carinho. 

Opinião: Karla Lamounier / Fotografia: João Filgueiras / Fotografia de entrada: DR

Sempre gostei de finalizar uma decoração usando algum tipo de vegetação na sala. Começo sempre pelo tamanho do lugar onde vou colocar a minha planta, de modo a que não prejudique a mobilidade no espaço. Pode ser a um canto, na estante, na mesa de café ou no chão… e assim defino o “meu canto” verde. Sempre atenta à necessidade que cada planta pede.  

Karla Lamounier

Vamos começar pelas maiores: as árvores! Por que não tê-las em casa? Porque, sim, as árvores remetem-nos de imediato para a natureza, com elas respiramos ar puro, temos a sensação de férias, de total relaxamento e da sensação de aconchego! Verá a diferença que é ter uma árvore em casa, antes e depois de decorar com alguma espécie de planta.  

Quando adquirimos uma planta, geralmente caímos no erro de pensar que ela pode estar no mesmo vaso para sempre, mas isso não é verdade. O substrato tem nutrientes, e estes esgotam-se à medida que as raízes os absorvem. Se pretendemos desfrutar da nossa nova espécie por muitos anos, devemos mudar o vaso a cada 2/3 anos, e sempre na primavera. Convém escolher um recipiente com furos para que as raízes não apodreçam. A minha dica é utilizar um vaso com algum tamanho – até pode ser o original, se for grande – para que ela possa crescer e desenvolver-se saudavelmente. 

Vou enumerar algumas preferidas.

Ficus Lyrata 

Acho linda e sei que não sou a única… acho que é pelas lindas e grandes folhas, e porque dá ao espaço um ar meio tropical. A Ficus Lyrata pertence à família das Figueiras. Pode chegar a medir 3 a 4 metros de altura em vaso. É conhecida pela sua capacidade de absorver e bloquear a poluição sonora, purificar o ar e filtrar as toxinas, mas requer alguns cuidados: 

Não deve deixá-la apanhar correntes de ar, frio ou quente; não a deixe perto de aquecedores; evite que o ar seja seco; não a coloque diretamente ao sol para não queimar as folhas. Como é de origem tropical, é importante ter o solo húmido, mas não demasiado. Coloque o dedo na terra a 2/3 cm de profundidade e veja se a terra está húmida. Nos meses mais quentes, pulverize as folhas! Finalmente, atenção com os animais de estimação, pois ela faz parte das “não há bela-sem-senão!” ou seja, podem ser lindas, mas tóxicas!  

Pachira Aquatica  

Também designada árvore-do-dinheiro ou monguba ou ainda castanheiro da Guiana, entre outros, é uma das queridinhas dos adeptos do Feng Shui porque  acreditam que esta espécie cria uma energia positiva “chi”.

A Pachira Aquatica  é muito resistente e bem-amada graças ao seu ar tropical, com as suas folhas vistosas e brilhantes! Além disso, dá uns frutos comestíveis, semelhantes ao cacau. Coloque a sua árvore-do-dinheiro num local onde receba luz indireta forte ou média durante, pelo menos, seis horas por dia. Esta espécie pede os mesmos cuidados da Ficus Lyrata: borrifar as folhas, não deixar perto de correntes de ar, solo húmido e não encharcado, nada de ar seco… em contrapartida, não é tóxica! É, ainda, considerada a árvore da “boa sorte”, diz a lenda –  se nos oferecerem uma quando mudamos de casa ou quando iniciamos um novo negócio. Fica a dica!  

Ficus Elastica 

É uma das plantas mais populares do mundo e não cessa de agradar-nos visualmente. Tem as folhas mais duras e para mantê-las vistosas convém borrifá-las ocasionalmente. Para mim, esta é a planta mais fácil de cultivar. Por se tratar de uma árvore com um volume maior, deverá sempre levar em consideração o espaço onde irá mantê-la. Como tal, se tiver espaço suficiente em casa ou no escritório, ter uma Ficus Elastica é uma boa opção.

Não se esqueça que a árvore cresce e que o vaso deverá ser sempre maior do que o original e, se possível, posicione-a no lugar onde ela irá “morar” para não ter de carregar todo aquele peso mais tarde. Por ser oriunda da Ásia, requer um ambiente mais quentinho, mas não seco – tem de ter humidade no ar. Gosta de luz indireta, mas convém ter algum cuidado para que o sol não queime as suas folhas. 

Asplenium 

Depois das árvores, passemos às plantas de menor dimensão, mas que são tão importantes para decorar e alegrar qualquer ambiente. Gosto muito das folhas verdes e robustas da Asplenium. Da família dos fetos, essa planta de cor verde mais clara e de folha longa e ondulada na parte lateral, com muito brilho, tem sido a minha queridinha do momento! Além de fácil manutenção, é uma ótima purificadora de ar, guardando o CO2 do ambiente, transformando-o em oxigénio.  

A Asplenium pede um local com humidade, luz indireta (se exposta ao sol, as suas folhas queimam) e gosta mais de calor do que frio. O solo precisa de estar sempre húmido! Gosto de juntar várias Asplenium juntas numa taça funda para, por exemplo, colocá-las no centro da mesa. Fica um charme!  

Calathea Orbifolia  

Originária da América do Sul, a Calathea Orbifolia é uma planta de interior purificadora do ar cheia de requinte! As suas folhas são o que as distingue das diferentes Calatheas, uma vez que são grandes, redondas e com um padrão com diferentes tonalidades de verde que chamam a atenção e cativam qualquer um! 

Dracena 

São várias as espécies da família dessa planta.

São extremamente resistentes ao ar seco, ar condicionado, à falta de rega e falta de luz. Portanto, é a planta ideal para os mais distraídos ou para aqueles que acham que não conseguem ter nenhuma planta em casa. Mas não é por elas serem mais resistentes que tal signifique que vivam saudavelmente sem os cuidados básicos! Outra vantagem? Purificam o ar! Uma dica para ser usada em todas as plantas: quanto mais escuras forem as folhas, de mais luz precisam! 

Plantas aromáticas 

Nada como ter à mão os seus condimentos frescos preferidos! Para os leitores da Urbana, fiz uma taça com várias, como proposta de um belo centro de mesa para a cozinha. O que eu usei: 

Hortelã chocolate  

Podemos utilizar as folhas frescas em bebidas (combinação ideal com gin), caldos, molhos, gelados, bolos, geleias e muito mais. O ideal é preparar sempre algo com a hortelã chocolate que não a submeta a altas temperaturas, pois perderá a sua potência e poderá amargar. Além disso, pode ser consumida sob a forma de chá (infusão), tendo propriedades anti-inflamatórias e antivirais, fortalecendo o sistema imunológico e auxiliando o bom funcionamento do sistema respiratório e digestivo. 

Hortelã Verde  

Na culinária, é utilizada para aromatizar sopas, açordas, bebidas, chás, saladas e gelados. É utilizada para problemas de indigestão (estomacais) e é calmante, expetorante e vermífuga. 

Caril    

As suas folhas podem ser cozidas ou refogadas dando um sabor levemente cítrico e especial aos pratos, estimulando o sistema digestivo de modo a funcionar corretamente. Ao contrário do nosso louro, pode-se deixar a folha no prato, pois a mesma é mastigável.  

Tomilho 

Mesmo que você cozinhe raramente ou esteja apenas a começar a construir a sua coleção de temperos, o tomilho deve ser uma das primeiras ervas a constar da sua lista. Pense nele como um tempero-chave para uma coleção de temperos bem equilibrada. É uma das ervas mais básicas, versáteis e usadas com grande frequência, e costuma ser encontrada em receitas de todoo tipo de culinária. Tem um aroma subtil e seco. 

Rosmarinus/ Alecrim  

É usado na culináaria há, pelo menos, 2.500 anos! De origem mediterrânica, trata-se de um saboroso condimento para carnes, focaccia, frango e de fácil cultivo. Pode cortar as suas hastes conforme vão crescendo para fortalecer novos ramos e folhas. 

Sálvia  

Muito peculiar, pode ser utilizada para diversos fins. Enquanto a Salvia Officinalis é utilizada como tempero, por exemplo, a Salvia Ssclarea é ótima para fins terapêuticos. 

Manjerona  

Trata-se de uma planta medicinal, também conhecida como Manjerona-inglesa, muito utilizada no tratamento de problemas digestivos devido à sua ação anti-inflamatória e digestiva, mas também pode ser usada para aliviar os sintomas de stress e ansiedade, pois consegue atuar no sistema nervoso. 

Pragas e doenças 

Pragas e doenças têm uma maneira de encontrar as suas plantas, parece que elas vivem focadas nisso, não importa onde as cultive, e não há predadores naturais que possam ajudar na sua cura. Portanto, sempre que borrifar ou regar a sua planta, observe as folhas para ver se estão ou com buracos ou com algum pontinho branco ou, ainda, ou se as folhas estão desbotadas. Se elas derem sinal que estão doentes, separe essas espécie das outras para que não se alastre  e cuide das que estão infectadas. E lembre-se, com amor e com dedicação tudo tem solução! 

0
Would love your thoughts, please comment.x