Elementos e sinais do mundo natural aliam-se à curadoria de design para dar origem a um refúgio na grande urbe.
Projeto: Architects Office / Fotografia: Fran Parente / Texto: Isabel Figueiredo
O gabinete de arquitetura e design de interiores Architects Office, renovou um apartamento em Vila Nova Conceição, um bairro residencial e muito arborizado de São Paulo, explorando um novo layout e introduzindo peças icónicas para gerar uma atmosfera minimalista.
O projeto de remodelação, cresceu da investigação sobre os desejos e necessidades da família que iria ter neste apartamento a sua nova morada, e que no fundo, procura um refúgio, um lugar de encontro e acolhimento para o casal e os seus dois filhos. Os conceitos de amplitude, fluidez e conexão foram articulados para possibilitar uma experiência de abrigo urbano.
Com 210 m2, o apartamento viu a sua planta ser repensada proporcionando espaços integrados e maior sensação de amplitude, com paredes demolidas e um piso nivelado, que uniu a cozinha, a sala de estar e jantar e também a varanda. Esta configuração permitiu uma circulação de 360 graus no ambiente, que recebeu um grande painel pintado ‘in loco’ do Adriana e Carlota Atelier, bem como algumas personalizações – como a divisória retráctil da cozinha, que pode ser fechada ou aberta para criar diferentes momentos.
Ao nivelar o piso das salas com a varanda, o ambiente expande-se e a vista da copa das árvores do parque em frente invade a casa, com vegetação, iluminação e ventilação natural abundante.
As áreas sociais exibem um programa contemporâneo, com layouts que abraçam a diversidade de uso. Logo na entrada, a sala assume o caráter de área de encontro, com o sofá assinado por Jonas Wagell como protagonista. Ao lado, uma outra sala, com sofá e duas poltronas, criam uma atmosfera mais formal unida à sala de jantar e à cozinha, que tem um único móvel de marcenaria e a bancada de trabalho, para ser o mais prática possível, como solicitado.
O espaço é demarcado pela linguagem minimalista de tonalidades neutras, formas depuradas em peças robustas que trazem a força arquitetónica dos mobiliários para integrar espaços, e texturas rugosas subtis que suscitam o toque. No mobiliário, foram selecionadas peças modernas e contemporâneas de autor, como os internacionais Jonas Wagell, Gervasoni, ao lado de brasileiros como os estúdios Rain e Orth, e outros, destacando volumes orgânicos em contraponto à peças retilíneas de maior dimensão. Os objetos de design expõem pontos de luz e brilho, bem como as cortinas perimetrais e o bloco central com iluminação indireta. “Uma delicada harmonia de tons, formas e texturas para uma vivência sinestésica e ergonómica conectada à natureza”.
Para evidenciar as curvas dos cantos da arquitetura do apartamento, as cortinas suaves acompanham os seus desenhos, numa inflexão poética que circunscreve o espaço.
“Acolhemos as obras de arte já existentes no apartamento, fazendo combinações com obras de arte curadas. Artistas como Burle Marx, Alfredo Volpi, Claudio Tozi e Servulo Esmeraldo estão representados em pontos especiais do apartamento”.
Na área íntima, a suíte do casal teve a orientação da cama invertida, posicionada ao lado contrário à entrada do quarto para dar mais privacidade. O closet foi unido ao quarto, rececionando quem ali entra. Os quartos dos filhos foram ajustados para possibilitar o descanso, estudo e trabalho com a personalidade e dinâmicas de cada um.
Em todo o apartamento, as qualidades essenciais da proporção, harmonia e escala humana foram pensadas para elevar a beleza para além da estética e abrigar a sensação de bem-estar. Uma criação que revela uma simplicidade detalhista, delineando o novo luxo no apartamento.