Fotografia: Douglas Friedman
Uma casa de férias na praia com um ambiente descontraído e em harmonia com os contextos natural e cultural.
Inspirada nos pátios tradicionais mexicanos e nas formas arquitetónicas típicas da região, a equipa do coletivo Walker Warner Architects, em colaboração com o designer de interiores Ken Fulk, imaginou um retiro onde aqueles elementos são reinterpretados com uma sensibilidade contemporânea.
O pátio, que deveria funcionar como o coração da casa, dilui as linhas entre o interior e o exterior. As camadas entre o pátio e o Oceano Pacífico foram, por isso, projetadas para garantir a visibilidade ideal, dando origem a um percurso fluido que atrai o olhar para a água através dos espaços interiores.
Em sintonia com o espírito de férias, esta casa está repleta de detalhes brilhantes e teatrais projetados em parceria com o designer de interiores Ken Fulk e adquiridos em ateliês de artesãos locais. E cada detalhe tem uma camada dourada, integrando a arquitetura no seu contexto natural.
Mas nem tudo foi sem desafio. “Projetar uma casa de férias na costa do México representava um intrincado equilíbrio de extremos. A beira-mar é sempre um atrativo, mas os ventos costeiros e o ar salgado podem acelerar duramente o desgaste dos materiais, além disso, o clima idílico também pode ser interrompido por furacões e tempestades tropicais”, salientam.
Independentemente das condições ambientais, esta casa revelou-se uma oportunidade para orientar a propriedade de uma forma que enquadrasse a vista em diferentes aberturas, deixando as questões de design relacionadas com a proteção dos ventos, e outros elementos, para segundo plano.
O desafio incluía, ainda, concentrar na casa vários desejos e necessidades dos clientes: a ligação ao exterior em vários pontos e o acesso direto à praia, uma arquitetura duradoura, um piso em plano aberto com um ambiente casual e divertido destinado a entreter família e amigos, garantir a privacidade necessária em relação às casas vizinhas, um layout moderno com detalhes limpos, a otimização das vistas, espaços ‘lounge’ ao ar livre protegidos do sol e do vento, o uso de materiais resistentes aos elementos naturais por via de paredes grossas, madeiras que absorvessem bem o sol e o sal e acabamentos resistentes ou de fácil manutenção.
Na aproximação à propriedade, o visitante é guiado pelo som da água que o conduz ao pátio. Este fio de água no chão desaparece sob um portão artesanal feito de teca e bronze com aspeto envelhecido, um prenúncio subtil das formas arquitetónicas que estão prestes a ser reveladas.
Do outro lado do portão, o fluxo de água mergulha numa piscina com pavimentos de pedra flutuantes que retardam os passos em direção ao pátio. À noite, as pedras são iluminadas, debaixo d’água, e um dossel de lanternas de latão cria um ambiente alegre.
Depois do espelho d’água, encontramo-nos já no pátio, o coração da casa. A majestosa linha do horizonte é revelada. O edifício foi orientado para otimizar a vista para o mar através de camadas de espaço habitável. Uma árvore Palo Verde projeta sombras delicadas sobre o piso de arenito. Para aqui, foi destinada a área ‘lounge’ em torno de uma lareira que incentiva a reunião.
Lá dentro, a estrutura de betão é perfurada por aberturas angulares dramáticas que controlam a exposição ao sol e experimentam vários padrões de luz. Os ângulos das ranhuras enquadram vinhetas intencionais da paisagem e, à noite, estes mesmo ‘slots’ brilham ao deixar passar a luz embutida nas suas bases. Embora esta seja uma casa que convida a passar o máximo de tempo possível ao ar livre, a intensidade do sol na zona pode ser implacável, daí ser tão importante a existência de uma pérgola em madeira de Palo de Arco, tecida de modo a criar uma luz suave e manchada.
Toda a arquitetura assenta num conceito de elegância. Tal guiou o design de interiores, liderado por Ken Fulk, que é vibrante e surpreendente, pontuado por cores e padrões de inspiração cultural, muito presentes na zona comum, projetada para o encontro entre família e amigos, sem prejuízo da intimidade, apesar da sua dimensão.
Acima desta área de estar, localiza-se a ‘master suíte’, com ‘closet’, casa-de-banho e chuveiro ao ar livre, orientados para guardar as vistas impressionantes do oceano. Aqui, os elementos de marcenaria e de metal replicam os padrões tradicionais.
A área de duche ao ar livre está no segundo nível e exibe materiais branqueados pelo sol quente, texturas arenosas e está exposta ao céu aberto. As persianas garantem a total privacidade sem obstruir a vista para o mar.
O acesso à suíte dos hóspedes faz-se através de uma escada central localizada no pátio, decorada com azulejos locais. À noite, os padrões de luz projetam-se nas paredes da escada que emergem das aberturas de cimento e da pérgola, em cima. Neste piso, o quarto das crianças está equipado com beliches, recriando os espaços de férias da infância dos proprietários.
No que toca aos interiores, e embora a estrutura tivesse de ser robusta, havia espaço para explorar o verdadeiro potencial do cimento e criar uma ligação com a envolvente, o que significava criar vários modelos ‘in situ’ para obter a textura e a paleta de cores perfeita. As formas geométricas da arquitetura são limpas e retas.
A superfície áspera e imperfeita do cimento é equilibrada pelo gesso branco liso. Os dois materiais justapostos criam um estilo que respeita a arquitetura local, com um toque contemporâneo. “Para que a arquitetura estivesse em harmonia com a paleta do ambiente, utilizamos cimento colorido que dialoga com o tom da areia“.
O cimento foi aplicado por forma a criar mudanças subtis de cor e camadas orgânicas. A mistura final tem uma qualidade dourada suave com longas listras onduladas em sua superfície. A saturação dos tons muda à medida que a luz do dia muda”