Por a 28 Março 2023

É linda e formosa, tem as cores da Comporta, aquele azul que se harmoniza com o branco, e o castanho do colmo, em total respeito pela essência das construções preexistentes e das tradições locais.

Fotografia: José Manuel Ferrão; Palavras: Isabel Figueiredo; Produção: Amparo Santa-Clara

Como já muitos poderão ter adivinhado, esta pequena casa de férias não está longe das praias mais procuradas no verão, quando o objetivo é ter areia a perder de vista e mar transparente – mesmo que não à temperatura mais desejada pelos amantes dos destinos tropicais…

Toda aquela região da costa alentejana, que vai de Tróia até Melides, encerra muitos atrativos e tem espaço de sobra para quem procura, ainda, algum recato debaixo do guarda-sol. Pois esta casa, localizada nos Brejos da Carregueira de Baixo, na Comporta, usufrui desses atributos e para quem ali passa os seus dias de descanso, talvez até a praia não faça assim tanta falta, quando se tem areia mesmo à porta e uma piscina de água temperada para refrescar mente e corpo.

Adquirida pela atual família a um antigo residente da Comporta, há mais de 20 anos, foi remodelada naquela época, e mantida a traça original, por Pedro Espírito Santo, “dentro do possível”, salvaguarda a nossa interlocutora, já que não era intenção adulterar o preexistente, mas antes celebrar as construções típicas da região e dotar o espaço de mais conforto.

Volvido mais uns anos, cerca de 10, a casa foi alvo de nova intervenção, desta vez pela mão de Marta Mantero, sempre com o recurso aos materiais locais, que vão ao encontro da arquitetura típica do lugar onde a casa se insere, em total respeito pela ideia do que é, na sua essência, a Comporta.

Para este trabalho de remodelação foi contratada a equipa do empresário local Nuno Carvalho, nome sobejamente conhecido na região pela forma como, desde o início, tem sabido interpretar e respeitar as construções originais, usando materiais naturais como o colmo, a madeira ou a cana, entre outras soluções.

O jardim, assinado pela Nina Jardins, conserva uma atmosfera quase selvagem, com espécies autóctones e piso de areia, um estrado de tábuas de madeira junto à piscina, luminárias de chão de madeira, onde ainda se incluem o antigo forno a lenha para cozer o pão e um espaço para estacionar alguns veículos de recreio, ao ar livre.

Tudo isto se avista a partir do alpendre da casa, lugar de eleição da família, que ali fica, se possível, horas a fio a admirar a paisagem, a usufruir do jardim. Dentro de casa, são várias as peças que se coordenam entre si e com a arquitetura do edifício, oriundas de lojas, também elas, da Comporta, como o são a Rice, a Lavanda ou o Stork Club. Algumas, foram mandadas fazer à medida. É o caso da mesa de jantar de azulejo marroquino verde, feita de propósito para esta casa, e ainda dos sofás na sala.

“Eu quero uma casa no campo, do tamanho ideal, pau a pique e sapé, onde eu possa plantar meus amigos, meus discos, meus livros, e nada mais… Eu quero uma casa no campo, onde eu possa ficar no tamanho da paz…” – Elis Regina

“A minha é no campo e à beira do mar”, conclui a anfitriã, que tão bem aqui nos relembrou uma das muitas músicas cantadas pela celebrada Elis.

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