Por a 4 Setembro 2022

Estamos em Paris, no 5º arrondissement, num edifício típico de 1855 com 65 m2. O plano espacial original remonta ao século XIX, mas as necessidades dos seus proprietários são as atuais. Inspire-se neste projeto de reabilitação e modernização.

Projeto: Florent Chagny / Fotografias: DR

É uma pergunta típica. A falta de construção nova – e também o charme dos elementos mais antigos – tem impulsionado nas últimas décadas a reabilitação de edifícios. Uma tendência que deixa sempre em suspenso a transformação de planos originais e que respondiam a necessidades à época que hoje estão ultrapassadas. Mas como é que se transforma esse charme de séculos passados numa funcionalidade que é imperativa nos dias que correm? Muitas serão as receitas e algumas delas poderão porventura ser apreciadas no apartamento que se segue. Um projeto assinado pelo escritório de arquitetura de Florent Chagny.

A intervenção envolveu uma remodelação completa do apartamento situado no 4º piso do edifício tipicamente Haussmanniano. Com dois quartos, a habitação não via nenhuma intervenção importante há várias décadas e não tinha um espaço de banho consolidado.

Segundo os autores do projeto, esta é uma história que se conta em camadas e que se resume a como integrar funcionalidades atuais um plano espacial datado do século XIX.

“Rapidamente decidimos abrir parcialmente a parede interior de suporte de carga para colocar o espaço de estar perpendicular às fachadas do edifício”, explicam. “Optámos por nos libertar das restrições estruturais da parede de suporte e, em vez disso, aproveitar o espaço de dupla face leste-oeste e a bela vista sobre os telhados oferecida pelo centro do quarteirão”. Este gesto permitiu agrupar a sala de estar, sala de jantar e cozinha num amplo espaço que recebe luz solar direta de manhã e à noite.

O tema das camadas também se reflete na escolha dos materiais e acabamentos. Foi usado papel de parede arrojado combinado com tinta na cor “azul meia-noite” para destacar a presença do antigo corredor e da parede interna, criando a espinha dorsal histórica em torno da qual todo o projeto gira. 

As estantes de aço e espelho, a divisória de policarbonato, a cozinha de aço inoxidável e madeira e a casa-de-banho, dão o toque contemporâneo. Enquanto o parquet espinha de peixe, o fogão prussiano, as molduras e outras decorações de parede permanecem num lugar de destaque. “É o que gostamos de chamar de ‘sobreposição contemporânea’, criando uma nova identidade arquitetónica”, referem os arquitetos.

O apartamento está agora pronto para voltar a receber uma família, oferecendo ainda alguns novos benefícios que agora todos temos o direito de exigir no centro de uma cidade: vistas, espaço para respirar e luz natural durante todo o dia e durante todo o ano.

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