O grande desafio deste projeto de remodelação, foi a recuperação de uma casa que em tempos serviu metade como habitação e metade como celeiro. O objetivo era o de manter as memórias existentes e ao mesmo tempo criar espaço para novas vivências. O projeto é assinado por Inês Brandão.
Projeto: Inês Brandão Arquitectura / Fotografias: João Morgado
Este projecto tinha como desafio a recuperação de uma casa com 50 anos ‐ metade habitação, metade celeiro. Pretendeu‐se manter as memórias existentes num espaço que, outrora, foi palco de tão variadas vivências ‐ histórias rurais misturadas com histórias de jovens de uma época controversa. Na presença de um espaço tão especial, como o celeiro, optou‐se por protege‐lo e elege‐lo como protagonista da nova habitação de uma jovem família em crescimento. Um único novo elemento é inserido neste espaço, quase como se de um móvel se tratasse, ideia essa, acentuada pela sua própria materialidade ‐ OSB pintado.
Com um orçamento bastante reduzido, foi essencial criar um elemento compacto, que concentrasse todas as novas funções ‐ cozinha, instalações sanitárias, arrumos e escadas. Este”móvel”torna‐se fundamental na compartimentação de toda a área social do piso inferior, dividindo o espaço entre zona de entrada , zona de estar, zona de refeições e cozinha.
O piso superior, que servira, noutros tempos, para a secagem dos cereais, funciona agora como um espaço de retiro e de trabalho que se debruça sobre uma sala ampla.
Em termos de materialidade, o objectivo era criar um ambiente acolhedor. A madeira tornou‐se , assim, o actor principal de todo este enredo. Presente na estrutura da cobertura, que é recuperada, pintada e assumida; presente no pavimento, que é revestido por tábuas de cerne de pinho, de 7x70cm, dando continuidade ao pavimento pré‐existente nos quartos (tacos da mesma madeira); e presente no novo elemento central, que é revestido com OSB (aglomerado de partículas de madeira longas e orientadas).
A escolha deste último material permitiu não só o reforço estrutural das paredes, mas, devido ás suas características, permitiu também, um uso extremamente versátil, tendo sido aplicado na execução das portas, na elaboração do mobiliário de cozinha e arrumos e no revestimento de escadas e pavimento ‐ enfatizando o conceito de “móvel”, inicialmente desejado.
Imagens do espaço antes da intervenção.