As paredes em pedra anunciam uma casa sustentada em princípios de arquitetura vernacular. A madeira, a cal e os tons neutros acrescentam-lhe o conhecimento de outrora e indiciam um estilo de vida que assenta no viver devagar. Conheça a Casa Fly.
Projeto: beef architekti / Área: 403 m2 / Ano: 2020 / Fotografia: Tomeu Canyellas / descrição enviada pelos autores do projeto, via archdaily
Maiorca é uma ilha cheia de belas paisagens naturais, e pitorescas vilas de pedra cheias de história e tradição. Chegámos como visitantes involuntários, aprendendo passo a passo como conhecer o território mediterrâneo e a sua arquitetura vernacular.
O nosso projeto reflete essa relação, utilizando técnicas e materiais tradicionais, tais como pedras de extração local. O material é utilizado para a fachada, que se baseia num desenho típico que pode ser encontrado em toda a ilha, tanto em cercados quanto em muros de contenção. Ela é construída utilizando uma técnica seca tradicional chamada “Pedra en sec”. Este desenho local foi declarado Património Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO em 2018.
Para além da estética, a enorme fachada ajuda a manter a casa fresca durante os meses de verão e tem um grande potencial em armazenar calor no inverno.
A casa respeita as condições locais, e por isso oferece uma série de sombras naturais ou sistemas de ventilação. Por exemplo, as janelas são inseridas no interior da estrutura para criar sombra a partir das lajes de betão.
As persianas de madeira dobráveis são outra forma natural de manter o calor afastado, para além de que refletem as fachadas das casas tradicionais da ilha. As estreitas lâminas verticais criam um jogo de sombras no interior, que complementa o ambiente tradicional local. Os espaços entre as lâminas permitem a circulação de ar, mesmo quando as persianas estão fechadas.
O projeto propõe ventilação natural, que pode ser usada pontualmente ou em toda a casa, de acordo com as necessidades. Várias aberturas de janelas em cada andar permitem que o ar fresco entre e flua através da casa até às claraboias, garantindo ventilação vertical e horizontal.
A casa está em harmonia com a arquitetura local, utilizando materiais tradicionais, técnicas e princípios empíricos. A fachada de pedra flui continuamente para o interior em combinação com o reboco de cal.
A nossa intenção foi a de manter o interior com um fundo neutro, para permitir que os móveis feitos por medida se destacassem. Madeira, pedra local e betão são os materiais mais utilizados. Cada um deles tem um papel específico no projeto. As ripas de madeira adjacentes à escadaria criam um eixo vertical de altura dupla. Um conjunto de lâmpadas pendentes de cerâmica feitas à mão por cima da mesa de jantar dá uma impressão rústica e única a toda a área. E por fim, uma estátua abstrata de bronze impõe-se no hall de entrada.
A envolvente permite vistas diferentes em cada piso. O piso térreo relaciona-se visualmente com o mar, dos quartos, localizados no piso superior, pode-se ver a cidade iluminada durante a noite.
A cidade pode ser vista através de um rasgo entre o terreno inclinado e os topos dos pinheiros. A terceira e última vista é a da piscina infinita, onde a água se mistura continuamente com o mar e o horizonte. Em resumo, a Casa Fly permite que seus habitantes vivam momentos extraordinários.